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Feijão faz maravilha na integração lavoura-pecuária

Palha da leguminosa dá bons resultados na alimentação do gado e restolho ainda aduba a pastagem



O produtor rural Eduardo Carvalho Dias, lavorista e pecuarista no município de Jussara (GO), desenvolveu um sistema de produção único que pode vir a servir de modelo para outros produtores. Ele conseguiu integrar lavoura e pecuária de uma maneira que reduz substancialmente seus custos de produção e garante uma boa produtividade. O fundamental em seu sistema é o cultivo rotacionado de braquiária e feijão, com o aproveitamento da palha da leguminosa na alimentação do gado. A fazenda de Eduardo tem 2,5 mil hectares, dos quais 600 são irrigados. A área não-irrigada é formada por pastagens. A área irrigada é subdividida em cinco partes, nas quais ele cultiva o feijão e o capim braquiária em consórcio com milheto. O cultivo do feijão e do capim/milheto é seqüenciado, no sistema de plantio direto. Primeiramente, Eduardo planta o capim e o milheto. Depois de 40 dias do plantio, o gado é colocada na área para comer o milheto. Em cerca de 90 dias, o milheto acaba e o capim já está pronto para o consumo. A área fica destinada à pastagem por cerca de 7 meses e, em seguida, é destinada ao plantio do feijão. Mas onde está a novidade? Não está apenas na integração rotacionada entre lavoura e pecuária; está no aproveitamento integral da cultura do feijão. Depois que faz a colheita dos grãos, Eduardo colhe também a palha e faz o feno para usar como suplemento alimentar do gado na época da seca. Como a máquina não consegue colher toda a palhada, o gado entra na área para consumir o que ainda ficou na soca do feijão. Superlotação O feijão geralmente é plantado em março/abril e colhido em junho/julho. Portanto, na seca, quando as pastagens estão fracas, o gado entra na soca podendo consumir um alimento mais rico que o capim. “Na seca consigo manter o peso dos animais a custo zero. Com isso economizo pastagem e consigo uma superlotação da minha área”, diz Eduardo. Segundo ele, as áreas irrigadas contribuem para a preservação das áreas de pastagem. “Na seca, a lotação fica bastante reduzida e, no momento em que começa a chover e vai ocorrer a rebrota do capim, as áreas de pastagem estão com baixíssima lotação”, conta. Isso porque o gado é transferido para as áreas irrigadas, que comportam até 2,5 mil cabeças. Os resultados financeiros, diz Eduardo, são bastante satisfatórios, porque o custo de produção é muito pequeno. De setembro de 2005 a agosto de 2006 ele teve custo agrícola de R$ 2.110/ha. O custo da cabeça/ano é cerca de R$ 86, considerado baixo. “Consigo numa área relativamente pequena manter muitos animais”, diz. O sistema desenvolvido por Eduardo dá certo em sua fazenda há mais de cinco anos. Ele recebe freqüentemente técnicos e produtores que querem conhecê-lo mas não identificou ninguém que tenha decidido copiá-lo. “É algo empírico, mas que dá certo. Não me preocupa em buscar fundamentação científica porque os resultados são muitos bons”, diz. Pesquisa Não existem trabalhos de pesquisa que comprovem a eficiência do sistema de integração rotacionada entre lavoura e pastagem desenvolvido pelo produtor Eduardo Carvalho Dias. As evidências e os resultados obtidos por ele, no entanto, apontam para uma importante descoberta empírica. Para o agrônomo João Kluthcousky, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, o fato de o produtor estar satisfeito é, indiscutivelmente, um sinal de que o sistema deve ser pesquisado. “Posso afirmar que ele (o produtor) conseguiu agregar valor à sua produção, transformando restos de uma cultura em carne”, antecipa. Segundo ele, o feijão é rico em proteínas, por isso a utilização dos resíduos da colheita na alimentação bovina dá bons resultados. “É um alimento classe A para os animais”, afirma. A prática de usar restos das leguminosas na nutrição animal, comenta, vem de longa data. “Antes, usava-se dar a restava de soja para o gado. Agora, com esse sistema, o produtor conseguiu integrar lavoura e pecuária, aproveitando bem sua área”, completa. João Kluthcousky informa que na Universidade de Viçosa (MG) uma pesquisa está avaliando a utilização da quirela do feijão na nutrição animal. Ela é mais rica em proteínas que a palha, mas a palha do feijão é muito mais rica em proteína que o capim.

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