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Feijão irrigado garante lucro ao produtor

Quem plantou agora vai colher quando só a safra paulista abastece o mercado


“O feijão vai ser a salvação da minha lavoura”, garante o produtor Djalma Zambianco, da Fazenda Santo Antônio do Pinhal, em Itapeva, região produtora de grãos no sudoeste paulista. Embora no momento o preço não esteja o ideal, entre R$ 50 e R$ 60 a saca de 60 quilos para o feijão novo, quando colher os 72 hectares de feijão irrigado que acabou de plantar, a partir do fim de novembro, ele espera vender a saca acima de R$ 70, pois nesse período só há feijão paulista no mercado. O feijão de outras regiões chega depois.

No feijão irrigado, em que o custo de produção é maior que o de sequeiro, chegando R$ 2 mil por hectare, o lucro líquido poderá chegar a quase R$ 1.500 mil por hectare, para um rendimento médio de 52 sacas de 60 quilos por hectare. Zambianco, que produz, além de feijão, soja e milho, acrescenta que no ano passado foi a mesma coisa: com a aguda crise nos outros grãos, o que sobrou de lucro foi com o feijão. “Deu para comprar alguma coisa à vista e investir em outras culturas.”

Tecnologia

O bom resultado, explica Zambianco, é por causa do uso de tecnologia, o que inclui irrigação, plantio direto e adubação conforme a análise do solo. O produtor acabou de fazer o plantio semidireto de feijão irrigado na palhada de milho. Ao lado do pivô, vai semear 140 hectares de feijão de sequeiro, também no sistema de plantio direto, para colher em dezembro.

No ano passado, ele plantou ao mesmo tempo o feijão irrigado e o de sequeiro, ao todo 150 hectares. Colheu ambos na mesma época e conseguiu 45,8 sacas por hectare. A produtividade do irrigado é garantida, mas, se houver uma seca, ele diz que pode ter problema no sequeiro, cujo custo de produção varia entre R$ 1.700 e R$ 1.800/hectare.

Depois de colher o feijão, Zambianco entra com a semeadura de milho. “Dá uma safra boa, porque a lagarta ataca menos, e o cereal aproveita melhor os nutrientes, além de exigir menos herbicidas”.

Vantagem

O cooperado da Cooperativa Holambra II, Jacó Derks, da Fazenda Amarela Velha, em Itapeva, manteve a mesma área de feijão do ano passado: 250 hectares, metade da variedade pérola e metade, rubi. Derks planta feijão desde 1973 e em 1991 começou o cultivo irrigado com pivô central, no sistema de plantio direto na palha de milho, além de trigo, o que garante uma produtividade média de 50 sacas de 60 quilos por hectare. Este ano ele teve uma vantagem: seu custo de produção baixou de R$ 2.800 para R$ 2.500 por hectare, em relação a 2005, por causa da queda do preço dos insumos.

Ciclo curto

Derks plantou feijão no início de julho e vai colher entre o fim de outubro e o começo de novembro. Porque antecipou o plantio, a expectativa é conseguir entre R$ 70 e R$ 80 pela saca, bem acima dos R$ 50 a R$ 60 atuais, porque terá feijão antes da entrada da safra. “Se fosse vender o feijão agora estaria perdendo”, afirma o produtor de Itapeva, acrescentando que é uma cultura de ciclo curto e o que se perde em uma safra se ganha na outra.

Com o cultivo irrigado, Derks diz que, além de programar o plantio e a colheita, a produtividade cresce. “Utilizando tecnologia, geralmente não se perde, mas corre-se o risco de geada, por antecipar o plantio”, afirma o produtor, que recebe assistência e consultoria técnica da Holambra Agrícola.

Invasão da soja

Há cerca de quatro anos, a área cultivada com feijão foi bastante reduzida no sudoeste paulista, a maior produtora do grão no Estado de São Paulo, por causa da invasão da soja. Este ano, porém, o movimento é contrário. Com a ferrugem da soja e os preços baixos da commodity, os produtores voltaram a investir no feijão, cuja área vai crescer, mesmo com a invasão da cana-de-açúcar, que começa a chegar à região.

Em 2005, a saca de feijão alcançou, na região, a média de R$ 50. No começo deste ano, porém, a saca chegou a R$ 120, baixando para R$ 80 no meio do ano até os níveis atuais, por causa da entrada do feijão de outras regiões. “Mesmo assim, ainda compensa investir na cultura do feijão”, garante o agrônomo Vandir Daniel da Silva, da Coordenadoria de Assistência Integral (Cati), regional de Itapeva, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. “É só o produtor investir na qualidade e na produtividade”, conclui o agrônomo.

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