Fim das tarifas amplia vantagem da carne brasileira

A retirada de tarifas sobre produtos agrícolas brasileiros reacende o debate sobre competitividade no comércio de carnes entre os dois maiores mercados globais. De acordo com a DATAGRO, o anúncio dos Estados Unidos sobre o fim da cobrança adicional aplicada desde agosto modifica de forma direta o ambiente de exportação da proteína bovina.

A consultoria relata que a decisão elimina a tarifa de 40% que ainda incidia sobre itens brasileiros mesmo após o fim das taxas recíprocas de 10% divulgado anteriormente pelas autoridades norte-americanas. Com a mudança, válida a partir de 13 de novembro, o Brasil volta a ocupar posição competitiva no fornecimento de carne bovina aos EUA, superando concorrentes mesmo com a tarifa de excedência das cotas TRQ. Na prática, os cortes enviados ao mercado externo retomam vantagem de cerca de 14% a 18% em relação aos preços praticados no atacado norte-americano.

A DATAGRO destaca que o efeito é ainda mais evidente nos beef trimmings, aparas de baixo teor de gordura que representam parcela expressiva das importações dos EUA. Esses produtos passam a ser negociados mais de 11% abaixo dos níveis da proteína australiana e mais de 23% abaixo das aparas vendidas no próprio mercado doméstico, considerando o mix com até 10% de gordura. Mesmo com a valorização recente da arroba brasileira em dólares, a consultoria avalia que os preços tendem a seguir competitivos, já que o boi gordo avançou mais intensamente em outros mercados.

A expectativa apontada pela DATAGRO é de aumento significativo dos embarques e de preenchimento acelerado da cota TRQ de 2026, favorecido pelos preços ainda elevados no maior consumidor mundial de carne bovina. Os volumes enviados em outubro, que superaram 10 mil toneladas mesmo com sobretaxa, reforçam a perspectiva de novo impulso às remessas após a retirada das tarifas.