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Frigorífico Goiás Carne ameaça paralisar abate de animais


O frigorífico Goiás Carne admitiu ontem (18-03) que pode interromper o abate de animais a partir da próxima segunda-feira, caso continue a greve dos fiscais federais agropecuários, iniciada na segunda-feira. O representante do Goiás Carne para o Mercado Externo, Jorge Jonas Zabrocks, afirma que a empresa já está com suas câmaras frias lotadas, além de 20 carretas frigoríficas que se encontram no pátio à espera de certificação das cargas para exportação. “Amanhã (hoje) esgotaremos toda a nossa capacidade de estocagem de carne e não teremos outra alternativa senão interromper o abate”, diz o executivo do Goiás Carne.

Segundo Zabrocks, o frigorífico exporta mensalmente 2,5 mil toneladas de carnes para vários países, mas os embarques diários vêm atrasando desde o início da greve dos fiscais do Ministério da Agricultura, devido a dificuldades na expedição dos certificados para exportação. Embora evite dar números, o representante comercial do Goiás Carne diz que os prejuízos da empresa são elevados e tendem a agravar-se na medida em que se prolongar a greve. Ele admite também que esse tipo de situação pode levar à perda de mercado pela empresa, “pois o cliente que precisa da carne vai comprá-la onde o produto estiver disponível”.

Para o executivo do Goiás Carne, a expectativa da empresa é de que o governo procure uma solução rápida para o problema, até porque a greve não foi uma surpresa, tendo em vista que desde 2001 os fiscais agropecuários vêm reivindicando equiparação salarial com outras categorias similares. De acordo com o próprio Ministério da Agricultura, essa equiparação representaria uma reajuste médio de 30% nos salários e teria um impacto de R$ 250 milhões na folha de pagamento da categoria. A decisão depende do Ministério do Planejamento, cuja primeira proposta, já recusada pelos fiscais, implicaria em um impacto de apenas R$ 60 milhões sobre a folha.

Movimento

O presidente da Associação dos Fiscais Federais Agropecuários do Ministério da Agricultura em Goiás (Affama-GO), Aderivaldo Alves Vilela, diz que a situação do Goiás Carne é mais ou menos semelhante a de todos os frigoríficos exportadores do Estado. Segundo ele, a greve mobiliza praticamente 100% dos fiscais, que matêm apenas 30% das suas atividades, em cumprimento ao que determina a legislação em vigor. Pela primeira vez, desde o início do movimento, Aderivaldo Vilela reclamou de pressões do delegado federal da Agricultura em Goiás, Helvécio Magalhães, que admitira a hipótese de contratar profissionais para substituir os servidores em greve.

O delegado afirma, entretanto, que as atividades dos fiscais no interior estão praticamente normais, razão porque não foi preciso ainda contratar serviços de terceiros. Segundo ele, tais contratações são permitidas pela Lei 7.783/89, sempre que, em função da greve, houver risco de prejuízos irreversíveis, deterioração de bens etc. Conforme Helvécio Magalhães, tem contribuído para a relativa normalidade dos serviços de inspeção federal o fato de que o Ministério da Agricultura conta com diversos profissionais de outros órgãos, colocados à sua disposição. “Esse pessoal não tem qualquer relação com o movimento e não teria porque deixar o trabalho”, diz.

Helvécio Magalhães encaminhou para a direção do Ministério, em Brasília, um relatório da atividades de inspeção desde o início da greve, que segundo ele, atesta a relativa normalidade do serviço em Goiás. Consta do relatório, por exemplo, que nos dias 15, 16 e 17 o frigorífico Friboi abateu, respectivamente, 1.514, 1.537 e 1.536 bovinos. Nesses mesmos dias, a Perdigão abateu 292 mil, 100 mil e 253 mil aves; e 3.795, 3.407 e 3.275 suínos. O Goiás Carne, por sua vez, abateu 824, 762 e 828 bovinos.

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