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Goiás já espera ampliar em 14% a produção de grãos


Banco do Brasil deve injetar mais R$ 50 milhões para financiar a safra 2003/04, que terá maior área plantada. A recuperação dos preços agrícolas neste ano, com destaque para soja, milho e algodão, estimulou o setor a ampliar a área plantada e encorajou novos produtores a estrear na agricultura. As primeiras estimativas da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg) e da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado apontam uma produção entre 12,5 milhões a 13,0 milhões de toneladas na safra 2003/04, praticamente 14% mais do que as 11,4 milhões de toneladas de grãos colhidas na safra 2002/03. Resultado: o dinheiro do crédito rural, recorde nesta safra, começou a escassear.

Segundo o superintendente administrativo da Faeg, José Francisco Ribeiro Bastos, cerca de R$ 30 milhões contratados e registrados pelos produtores ainda não foram liberados por falta de recursos. Em reunião realizada nesta semana na Secretaria de Agricultura, cooperativas, produtores, institutos de pesquisa, escritórios de planejamento acertaram com a Superintendência Estadual do Banco do Brasil a injeção de pelo menos mais R$ 50 milhões para atender casos mais urgentes.

Aquele valor corresponde, segundo o gerente de Mercado de Agronegócio do BB, Carlos Andrade de Silveira, a cerca de 40% da demanda ainda não atendida para o financiamento do plantio da safra de verão. A necessidade adicional de recursos foi estimada em R$ 130 milhões, num meio termo entre os R$ 170 milhões reclamados pelos produtores e os R$ 110 milhões projetados pelo Banco do Brasil. "Não teremos como atender demanda reprimida com recursos controlados (a juros de 8,75% ao ano)", adianta-se Silveira.

O banco poderá usar recursos da poupança rural, a taxas livres, e a Cédula de Produto Rural (CPR) para o financiamento dos quase R$ 80 milhões restantes. A questão, nos dois casos, é que os custos são mais salgados. "Normalmente, o setor agrícola já utiliza a CPR para financiamento de capital de giro entre janeiro e abril, quando a safra entra no mercado. Mas carregar aqueles papéis daqui até abril ou maio implicaria um custo financeiro muito pesado", comenta Bastos.

Dinheiro mais caro

No caso dos recursos livres, as taxas são reguladas com base na Taxa Referencial de Juros (TR), mais 17% ao ano, em média. A CPR financeira, que não exige a entrega do produto na liquidação do contrato, tem um custo mensal entre 2,1% a 2,2%, conforme Silveira, superando os juros nas operações com entrega física dos grãos. Neste último caso, agregando o aval do BB mais um deságio praticado pelas principais agroindústrias do setor, como Seleta, Caramuru e outras, o custo pode variar entre 15% a 18% ao ano.

De acordo com o secretário de Agricultura, José Mário Schreiner, a demanda reprimida estaria concentrada, basicamente, entre produtores de soja, milho e algodão e a falta de recursos tem atingido aqueles que deixaram para contratar o crédito rural mais tarde, as novas áreas abertas para o plantio e produtores iniciantes.

A secretaria, segundo Schreiner, juntamente com lideranças do setor agrícola, pretende comandar as pressões em Brasília para ampliar a dotação de recursos para a superintendência do BB em Goiás. Ao mesmo tempo, o setor pretende articular a partir de janeiro um movimento para assegurar a ampliação dos recursos para a agropecuária, de olho já na safra 2004/05.

Apesar das queixas dos produtores, a liberação do crédito para o custeio da safra de 2003/04 no estado foi mais acelerada neste ano. Até setembro, o BB já havia apostado ao setor R$ 834 milhões, mais de 108% em relação aos quase R$ 400 milhões emprestados entre julho e setembro do ano passado e cerca de 11% mais do que todo o recurso destinado ao custeio da safra passada. Até junho do próximo ano, já contemplando o crédito para a safrinha de 2004, o BB espera liberar R$ 1,250 bilhão, cerca de 8,7% acima da meta prevista inicialmente (R$ 1,150 bilhão) e 67% mais do que o valor emprestado na safra 2002/03.

Liderança da soja

A soja continua na liderança, mas o maior avanço foi registrado para o algodão - o que sugere um aumento do plantio para esta cultura. Na safra passada, com R$ 374 milhões emprestados pelo BB, a soja respondeu por 72% de todas as aplicações, participação reduzida para 65% até o último dia 20 de setembro (dado mais recente disponível). Em valor, houve um avanço de 9,5% diante de um salto de mais de 50% no caso do algodão.

A cotonicultura recebeu uma injeção de aproximadamente R$ 63 milhões entre julho e 20 de setembro deste ano, diante de R$ 41,4 milhões entre julho e dezembro de 2002. Sua participação no bolo avançou de 8% para 10% e poderá crescer mais, já que ainda não foram encerradas as operações. A participação do milho, que se aproximou de 20% no ano passado, atingiu 21% até 20 de setembro, saindo de R$ 104 milhões para R$ 132 milhões em valores aproximados (mais 27%).

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