Grupo Aurantiaca investe em projeto para aproveitar 100% do coco na Bahia
Empresa já produz biomantas e biorolos e se prepara para inaugurar unidades que irão produzir água, farinha, leite e óleo, tudo a partir do fruto
O grupo, que inclui sócios brasileiros e norte-americanos, é composto por uma divisão agrícola e outra industrial, batizada de Frysk, e chegou em meados de 2011 com um projeto bastante ousado: investir fortemente na fabricação de produtos a partir do coco, aproveitando 100% de sua matéria. Longe de grandes polos industriais, mas próxima de uma das principais regiões produtoras do fruto no Estado, a companhia quer estimular o desenvolvimento da atividade de forma mais profissional e, consequentemente, ajudar a melhorar as condições em que vivem a maioria dos agricultores.
“Em nosso plano estratégico, optamos por nos instalarmos próximos das regiões produtoras, para garantir o abastecimento e também contribuir com o fomento da atividade e o desenvolvimento sustentável dessas comunidades”, explica Roberto Lessa, vice-presidente do grupo Aurantiaca.
Ao lado da fábrica de biomantas, está em fase final de construção a unidade que irá produzir água de coco, cujo início do funcionamento está previsto para janeiro do próximo ano. “Teremos capacidade para processar 158,4 milhões de frutos por ano”, revela Lessa. A produção será feita por um equipamento especialmente desenvolvido para as necessidades da companhia e que faz com que a água de coco saia do fruto e chegue até a caixinha sem contato com o ar. “Isso faz com que não seja necessário usar conservantes para aumentar a durabilidade e o sabor do produto”, afirma o executivo.
Segundo ele, esse procedimento é inédito no Brasil e o intuito da companhia é oferecer aos clientes um produto de alto padrão e o mais natural possível. Além das embalagens cartonadas Tetra Pak, o produto, cuja logomarca é guardada a sete chaves até o lançamento no final deste ano, também será comercializado em embalagens pet. “O mercado para água de coco, tanto dentro quanto fora do Brasil, tem enorme potencial. Isso porque a bebida, além de saborosa, carrega consigo a questão da saudabilidade, cada vez mais valorizada pelo consumidor”, avalia o executivo, informando que o mercado de água de coco nos Estados Unidos movimentou cerca de US$ 6 milhões em 2008. “Mas a estimativa é de que feche este ano com US$ 600 milhões. Só por esses números é possível ver o quanto esse mercado ainda tem para crescer”.
Até o final de 2014 as unidades produtoras de leite e óleo de coco também deverão estar funcionando a todo o vapor. Com o projeto do condomínio industrial pronto, a expectativa da companhia é chegar a 2022 com faturamento de cerca de R$ 500 milhões.
Parceria com produtores
Em uma terceira etapa, a Frisk também produzirá farinha de coco. Os resíduos que sobrarem de todas as atividades serão transformados em biomassa para abastecer as caldeiras e gerar energia por meio do vapor. Mas, para que todo o projeto seja realizado de acordo com o previsto, estabelecer uma relação próxima e duradoura com os produtores da região tem sido fundamental. Lessa explica que a maioria dos agricultores das redondezas são pequenos produtores familiares, que até então produziam sem nenhum incentivo e ficavam à mercê dos preços impostos pelos atravessadores, que compravam a produção, muitas vezes por valores abaixo dos custos de produção.
Ele explica que para o próximo ano, os produtores já planejam aumentar em seis hectares a área plantada para cada associado. “Estamos começando a dividir a área conjunta em glebas individuais, para que cada um possa cultivar sua própria área”
Quando estiver funcionando em pleno vapor, 50% da demanda por cocos da Aurantiaca será abastecida pelos produtores da região. “Já temos cerca de 74 produtores cadastrados”, explica Lessa. A outra metade da produção virá das três fazendas que o grupo mantém na região, que somam cerca de 2,1 mil hectares de plantio e 3,9 mil hectares de áreas preservadas. Nas propriedades, a produção é feita por um sistema de glebas, em que cada trabalhador, chamado de arista, é responsável pelo cultivo, manejo e produção de sua área.
Juntas, as três fazendas mantém 110 aristas, que cuidam de coqueiros em fases e idades diferentes de cultivo. A variedade cultivada é o coqueiro anão, que segundo Lessa, tem melhor aptidão para produzir água de coco. “Enquanto o híbrido produz cerca de 150 mililitros por fruto, o anão produz cerca de 400 mililitros”, diz. A meta da companhia é produzir cerca de 200 frutos por árvore a cada ano, enquanto a média da região é de apenas 30 frutos por árvore ao ano.



