Impactos da inundação no solo gaúcho
Rio Grande do Sul sofre com inundações
As recentes inundações no Rio Grande do Sul geraram preocupações sobre a recuperação do solo, reconstrução e impacto geral. Rodrigo Salvetti, geólogo e professor do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio (Ceunsp), destaca a dificuldade em estimar o tempo e os custos necessários para a recuperação, comparando o desafio ao processo de reconstrução pós-Katrina em Nova Orleans, EUA, que levou quase uma década e custou mais de 70 bilhões de reais.
O Rio Grande do Sul, um dos principais produtores de commodities do país, enfrenta perdas significativas na agricultura, com danos que podem tornar muitos solos inadequados para cultivo. A soja, presente em 435 cidades, e o arroz, com 70% da produção nacional, foram particularmente afetados. Os prejuízos na agropecuária gaúcha ultrapassam R$ 2,5 bilhões, destacando a extensão do impacto econômico e agrícola da tragédia.
“Em relação ao solo, temos um problema ainda maior. As enchentes carrearam muita areia e argila para as áreas de plantações, tornando os solos desses locais inapropriados para o plantio. É possível recuperar o solo, removendo a areia e argila, e fazendo correção e adubação do solo fértil que porventura ainda exista por baixo. Em alguns locais, porém, a enxurrada foi mais forte, e o solo foi completamente removido e a rocha ficou exposta. Nesses não é possível repor o solo e essas áreas precisarão ser abandonadas”, explica o professor Rodrigo Salvetti.
Apesar da incerteza sobre o prejuízo total e a extensão do trabalho futuro, o geólogo destaca a importância de considerar as mudanças climáticas como parte da realidade atual e agir proativamente. Ele enfatiza a necessidade de pensar em soluções viáveis a longo prazo, como realocar áreas vulneráveis para regiões mais altas e implementar estruturas de contenção e alerta para eventos extremos. A recomposição da mata nativa também é ressaltada como essencial para a recuperação ambiental, ajudando na infiltração das águas da chuva e na redução do impacto das enchentes.