Incertezas elevam cautela e pressionam câmbio

Os mercados atravessam um período de cautela, marcado pela combinação de fatores externos e domésticos que elevam a volatilidade financeira e reforçam a postura defensiva dos investidores. De acordo com análise do Rabobank, o cenário internacional segue dominado pela expectativa em torno da reunião do Federal Open Market Committee marcada para 10 de dezembro, quando é aguardado um novo corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica dos Estados Unidos, mesmo diante de divergências internas. A instituição projeta ainda outros três cortes ao longo de 2026, acima do que hoje é precificado pelo mercado, e avalia que a coletiva do banco central americano deve trazer sinais relevantes sobre os próximos passos da política monetária.

No ambiente doméstico, antes da divulgação do fraco resultado do Produto Interno Bruto do terceiro trimestre de 2025, as falas de tom mais duro de dirigentes do Banco Central tiveram impacto limitado. A reação mais consistente veio após o aumento da incerteza política, que ampliou a sensibilidade dos ativos. Nesse contexto, a combinação de riscos fiscais, políticos, tarifários e geopolíticos contribuiu para a valorização do dólar, que encerrou a semana anterior a R$ 5,4506, representando uma depreciação semanal de 2,2% do real, o segundo pior desempenho entre 24 moedas emergentes acompanhadas. A projeção do banco é de que a moeda americana termine o ano em R$ 5,50.

O PIB do terceiro trimestre avançou 0,1% frente ao trimestre anterior, confirmando a perda de tração da atividade em diversos componentes de oferta e demanda, reflexo dos efeitos defasados da política monetária restritiva. Com revisões positivas para 2025, a expectativa de crescimento foi elevada para 2,2%, enquanto a projeção para 2026 foi mantida em 1,6%. A agenda da semana concentra divulgações relevantes no Brasil, como IPCA de novembro, decisão do Copom, vendas no varejo e volume de serviços, além de indicadores e decisões de política monetária em países da região.