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Incertezas na tabela de frete fizeram transporte parar em Goiás

Primeira tabela de frete divulgada pelo governo federal deixou insegurança e fez com que empresas optassem por esperar novas definições para voltar a transportar


A primeira tabela de frete divulgada pelo governo federal deixou insegurança e fez com que empresas optassem por esperar novas definições para voltar a transportar. Isso por conta da alta dos valores e por medo de multa em caso de descumprimento. A nova tabela foi divulgada, mas as discussões permanecem sobre como ficará a situação para o setor produtivo e os caminhoneiros. Está prevista consulta pública pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

O estabelecimento de preços mínimos para os fretes foi uma das reivindicações dos caminhoneiros durante a greve que durou dez dias. Mas, a primeira versão da tabela foi duramente criticada por representantes de indústrias e do agronegócio, que calcularam altas de 30% a 150% no valor do frete até os portos.

“O custo do transporte é preponderante para o preço da mercadoria. Se a empresa não tem certeza, não tem como fazer negociações”, defende o analista Técnico do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag), Cristiano Palavro. Ele explica que, como o frete já estava na composição do preço negociado, antes das mudanças realizadas pelo governo federal, a solução no cenário de incerteza foi esperar para não ter prejuízo tão expressivo.

“Os que podem acabaram esperando, mas também tem relatos de negociações por fora tentando acordo direto com o transportador para uma alternativa. Só que isso tem risco grande, porque a resolução da ANTT determina multas”, alerta.

“O tabelamento dos preços de frete para o transporte rodoviário de cargas encarecerá vários setores da economia. Em Goiás, os impactos serão sentidos principalmente pelo agronegócio e pela indústria alimentícia”, pontua o presidente da Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), Pedro Alves de Oliveira. O reflexo vem para o preço do produto final e a defesa do setor inclui alerta para impacto na inflação, aumento dos juros básicos do País e mais dificuldade para recuperação da atividade econômica.

“Além disso, esse tabelamento sinaliza a volta do controle de preços, medida que pode estimular a formação de cartéis”, acrescenta Oliveira. Como Goiás é muito dependente do transporte rodoviário, segundo a Fieg, empresas adiaram a contratação de serviços de transporte, aguardando a alteração da regra e outras sinalizam investimento em frota própria.

“Dificultou o processo de negociação e temos de ter o poder de negociar. Quando sobra caminhão, tende a baixar o frete. E quando falta caminhão, o frete sobe. Mas isso acabou, agora está engessado”, diz o gerente de logística do grupo Milhão, Edmar Bueno Fernandes. A empresa foi uma das que se preocupou com os primeiros valores divulgados, pois inviabilizaria algumas operações e havia o risco de cancelar pedidos e contratos.

Sobre a adoção da tabela, o presidente Michel Temer (MDB) afirmou ontem que isso já existia na ANTT, mas não estava sendo colocada em prática porque havia uma oferta grande de fretes, graças ao número de caminhões disponíveis, após a retração da economia.

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