Lagarta venenosa pode controlar pragas
Praga, nativa do sudeste de Queensland, também é promissora para uso em medicamentos
Foto: Chris Greenaway
O veneno de uma lagarta, nativa do sudeste de Queensland, na Austrália, é promissor para uso em medicamentos e controle de pragas, afirmam os pesquisadores do Institute for Molecular Bioscience. A vulnerans Doratifera é comum a grandes partes da região.
O Dr. Andrew Walker pesquisa a lagarta de aparência impressionante desde 2017. "Nós encontramos um enquanto coletávamos insetos assassinos perto de Toowoomba (cidade australiana) e sua estranha biologia e veneno causador de dor me fascinaram", disse.
Esta lagarta está longe de ser inofensiva. "Seu nome binomial significa 'portador de dons de feridas'", comentou. A pesquisa do Dr. Walker descobriu que a lagarta tem toxinas de veneno com uma estrutura molecular semelhante às produzidas por aranhas, vespas, abelhas e formigas.
A pesquisa também revelou uma fonte de peptídeos bioativos que podem ter uso na medicina, biotecnologia ou como ferramentas científicas. "Muitas lagartas produzem venenos indutores de dor e desenvolveram defesas biológicas, como cabelos irritados, toxinas que os tornam venenosos para comer, manchas que imitam olhos de cobra ou espinhos que injetam venenos líquidos", disse Walker.
"Anteriormente, os pesquisadores não tinham ideia do que havia no veneno ou como eles induziam a dor. Descobrimos que o veneno é composto principalmente de peptídeos e mostra uma complexidade impressionante, contendo 151 diferentes toxinas baseadas em proteínas de 59 famílias diferentes."
A equipe de pesquisadores sintetizou 13 das toxinas peptídicas e as usou para mostrar a trajetória evolutiva única que a lagarta seguiu para produzir o veneno indutor de dor. "Agora sabemos as sequências de aminoácidos, ou os projetos, de cada toxina à base de proteína. Isso nos permitirá fabricar as toxinas e testá-las de diversas maneiras", comentou.
Alguns peptídeos já produzidos em laboratório como parte da pesquisa do Dr. Walker mostraram potência muito alta, com potencial para matar nematoides parasitas que são prejudiciais ao gado, bem como patógenos causadores de doenças. "Nossa pesquisa abre uma nova fonte de peptídeos bioativos que podem ter uso na medicina, por meio da capacidade de influenciar processos biológicos e promover a saúde", afirmou.
"Primeiro, precisamos descobrir o que as toxinas individuais fazem, para nos informar sobre como elas podem ser usadas." As descobertas incorporam trabalhos de pesquisadores do CSIRO, da Universidade York do Canadá, da Universidade de Viena da Áustria e do Departamento de Alimentos e Agricultura dos Estados Unidos.