Laranja a R$ 8,00/cx. Dá para ter lucro?
Preços têm leve queda desde o ínicio da colheita, tendência é manter média do ano passado de R$ 8,70/cx, renda duas vezes maior que com grãos
No norte do Estado, produtores da Nova Citrus, associação que congrega produtores de laranja de mesa (venda in natura), estão recebendo em média R$ 7,00 por caixa de 25 quilos. O gerente de vendas Kendi Oshima afirma que o valor está garantindo boa lucratividade ao produtor, apesar de a laranja de mesa tem um custo maior que a de suco. ''Há mais exigências no padrão de qualidade da laranja de mesa'', explica.
Há ainda diferença nos cálculos do volume da fruta. A laranja da indústria é medida por caixas de 40,8 kg. Sediada em Nova América da Colina, a associação comercializa as frutas produzidas pelos 74 associados nas Ceasas de Londrina e Curitiba, além da venda direta nos supermercados da região.
Os dados do Deral mostram queda nos preços pagos à laranja para sucos. No começo da colheita, em junho, os produtores receberam, em média, R$ 8,61 por caixa de 40,8 quilos. No último levantamento realizado no período de 14 a 25 de julho, os produtores receberam R$ 7,57, índice 12,1% menor.
No Estado de São Paulo, informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os produtores estão recebendo entre R$ 11,00 e R$ 12,00 por caixa de 40,8kg.
Essa diferença, analisa o engenheiro agrônomo da Emater, Maurílio Soares Gomes, que coordena a produção de frutas na região de Cornélio Procópio, deve-se ao fato de o estado vizinho ter um volume de produção bem maior que o Paraná - São Paulo é o maior estado produtor de laranjas do país -, além de mais facilidades no transporte para a indústria. ''Mas a média recebida pelos produtores daqui garante uma rentabilidade duas vezes e meia maior que a dos grãos'', compara.
O sistema de indústria de suco no Paraná, continua Maurílio, é cooperativo o que determina também custos diferenciados. ''O preço final da fruta só é fechado no final da safra'', explica. A indústria calcula um custo médio da produção, valor que é repassado os produtores na entrega da laranja para a moagem. O custo deste ano foi estimado em R$ 5,30/cx.
Depois do esmagamento e comercialização do suco, as indústrias repassam o diferencial de preços aos produtores. ''A média final deve ser semelhante ao ano passado que foi de R$ 8,70/cx'', calcula o técnico da Emater. O lucro, entretanto, tende a ser menor devido à queda do dólar.
A produção de citrus, conforme Gomes, é bem recomendada como opção na diversificação da produção. ''As perspectivas são muito boas e o preço do suco está valorizado internacionalmente. Isso já estimula aumento na área de cultivo. Temos muitos pomares em formação''.
O potencial do produto é confirmado pelo gerente de Negócios de Fruticultura da Corol, Benno Roes, de Rolândia. Os associados da cooperativa ampliam a área plantada a cada ano. A renda média líquida no ano passado foi de R$ 3,9 mil por hectare. A previsão é de que nesta safra serão colhidas 2,3 milhões de caixas de 40,8 quilos.
Dessa produção, 2,1 milhões de caixas serão industrializadas e 200 mil comercializadas in natura. O esmagamento desse volume de laranjas forçou a indústria, pela primeira vez, desde que foi inaugurada, em 2001, a trabalhar em três turnos. Somados os colaboradores da indústria, do campo e transporte, são mais de 500 pessoas trabalhando diretamente com a citricultura da Corol.
(Colaborou Raquel de Carvalho)