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Laranja a R$ 8,00/cx. Dá para ter lucro?

Preços têm leve queda desde o ínicio da colheita, tendência é manter média do ano passado de R$ 8,70/cx, renda duas vezes maior que com grãos



Caminhões, caixas e muita mão-de-obra tomam conta das lavouras de laranja do Paraná. A colheita está a pleno vapor. Segundo estimativas do Departamento de Economia Rural (Deral), da Seab, a produção será de 412 mil toneladas. Ocupando uma área de cultivo de 16.700 hectares, a laranja responde por 33% da produção de frutas do Estado, índice que chega a 48% se somada a produção de tangerinas. Toda a fruticultura paranaense é responsável por um volume de produção em torno de 1,25 milhão de toneladas.


No norte do Estado, produtores da Nova Citrus, associação que congrega produtores de laranja de mesa (venda in natura), estão recebendo em média R$ 7,00 por caixa de 25 quilos. O gerente de vendas Kendi Oshima afirma que o valor está garantindo boa lucratividade ao produtor, apesar de a laranja de mesa tem um custo maior que a de suco. ''Há mais exigências no padrão de qualidade da laranja de mesa'', explica.

Há ainda diferença nos cálculos do volume da fruta. A laranja da indústria é medida por caixas de 40,8 kg. Sediada em Nova América da Colina, a associação comercializa as frutas produzidas pelos 74 associados nas Ceasas de Londrina e Curitiba, além da venda direta nos supermercados da região.

Os dados do Deral mostram queda nos preços pagos à laranja para sucos. No começo da colheita, em junho, os produtores receberam, em média, R$ 8,61 por caixa de 40,8 quilos. No último levantamento realizado no período de 14 a 25 de julho, os produtores receberam R$ 7,57, índice 12,1% menor.

No Estado de São Paulo, informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os produtores estão recebendo entre R$ 11,00 e R$ 12,00 por caixa de 40,8kg.

Essa diferença, analisa o engenheiro agrônomo da Emater, Maurílio Soares Gomes, que coordena a produção de frutas na região de Cornélio Procópio, deve-se ao fato de o estado vizinho ter um volume de produção bem maior que o Paraná - São Paulo é o maior estado produtor de laranjas do país -, além de mais facilidades no transporte para a indústria. ''Mas a média recebida pelos produtores daqui garante uma rentabilidade duas vezes e meia maior que a dos grãos'', compara.


O sistema de indústria de suco no Paraná, continua Maurílio, é cooperativo o que determina também custos diferenciados. ''O preço final da fruta só é fechado no final da safra'', explica. A indústria calcula um custo médio da produção, valor que é repassado os produtores na entrega da laranja para a moagem. O custo deste ano foi estimado em R$ 5,30/cx.

Depois do esmagamento e comercialização do suco, as indústrias repassam o diferencial de preços aos produtores. ''A média final deve ser semelhante ao ano passado que foi de R$ 8,70/cx'', calcula o técnico da Emater. O lucro, entretanto, tende a ser menor devido à queda do dólar.

A produção de citrus, conforme Gomes, é bem recomendada como opção na diversificação da produção. ''As perspectivas são muito boas e o preço do suco está valorizado internacionalmente. Isso já estimula aumento na área de cultivo. Temos muitos pomares em formação''.

O potencial do produto é confirmado pelo gerente de Negócios de Fruticultura da Corol, Benno Roes, de Rolândia. Os associados da cooperativa ampliam a área plantada a cada ano. A renda média líquida no ano passado foi de R$ 3,9 mil por hectare. A previsão é de que nesta safra serão colhidas 2,3 milhões de caixas de 40,8 quilos.


Dessa produção, 2,1 milhões de caixas serão industrializadas e 200 mil comercializadas in natura. O esmagamento desse volume de laranjas forçou a indústria, pela primeira vez, desde que foi inaugurada, em 2001, a trabalhar em três turnos. Somados os colaboradores da indústria, do campo e transporte, são mais de 500 pessoas trabalhando diretamente com a citricultura da Corol.

(Colaborou Raquel de Carvalho)
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