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Líder em girassol, Campo Novo do Parecis já tem a sua própria esmagadora

Ao contrário da Argentina, produção brasileira ainda é tímida; na safra 2008/09, segundo a Conab, a área caiu 34,4%


A Parecis Alimentos, de Campo Novo dos Parecis (MT), pôs para funcionar neste mês, ainda em fase preliminar, sua esmagadora de girassol, que consumiu investimento de R$ 8,5 milhões. O montante pode soar irrisório se comparado com os aportes realizados nas esmagadoras de soja do país, sempre na casa da centena milionária, mas ele é um marco: Campo Novo do Parecis é o município com a maior área plantada com girassol do país, e a unidade da empresa será a primeira da cidade para beneficiamento da oleaginosa.

O projeto da Parecis começou a sair do papel em 2008, dois anos depois de a empresa ter sido criada. Ela é uma S.A. de capital fechado, composta por 44 cotistas, que decidiram investir do próprio bolso no projeto. Os cotistas também têm uma cota compulsória de plantio de girassol - somada, essa área ficou em 17,6 mil hectares neste ano.

"Mas essa área é só dos cotistas. Tem ainda o girassol plantado por quem não é ligado à empresa, mas que pode ser fornecedor", diz Antônio Miguel da Silva, gerente industrial da empresa. Segundo estimativas, o girassol ocupou cerca de 30 mil hectares se somado o plantio realizado em Campo Novo do Parecis e em seu entorno. Em 2007, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o município teve 5 mil hectares ocupados pela oleaginosa, o que já fez dele o líder nacional.

A unidade realiza o chamado esmagamento mecânico, e não o químico. Na comparação, a prensagem tem a desvantagem de manter cerca de 10% do óleo na "torta" que dela resulta - o girassol tem 45% de teor de óleo; a soja, de 18%. Uma das vantagens é que o processo é bem mais barato.
Foto Destaque

O projeto da Parecis prevê a utilização do farelo para fabricação de ração. Para o óleo, o plano é de comercialização no mercado interno, mas, no futuro, a companhia pretende envasá-lo para venda no varejo, com uma marca própria. O óleo também pode ser vendido a fabricantes de biodiesel.

Em contraste com a Argentina, que tem uma indústria consolidada, no Brasil o óleo de girassol jamais ganhou espaço, muito por conta da falta de hábito para o consumo. Na safra 2008/09, segundo o levantamento mais recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área da cultura caiu 34,4%, para 73 mil hectares. A produção recuou 24,9%, para 110,5 mil toneladas.

No Centro-Oeste, o girassol tem sido utilizado como alternativo de plantio na safrinha. "Com isso, o girassol não compete com a soja", diz Ana Claudia Barneche de Oliveira, pesquisadora da Embrapa Clima Temperado. Neste ano, a região viu o cultivo da oleaginosa diminuir, em parte, porque o preço do milho, outra alternativa para a safrinha, estava mais competitivo.

A Caramuru lidera o mercado de óleo de girassol no país, no qual poucas empresas atuam. Para este ano, estava previsto o esmagamento de cerca de 35 mil toneladas, mas a queda na produção deve fazer com que o esmagamento efetivo chegue a 30 mil, segundo Anderson Miranda, diretor comercial da empresa.

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