Mandioca volta a crescer e ameaça cana na Tailândia
“A recuperação da demanda chinesa pode redefinir a rentabilidade das culturas"
“A recuperação da demanda chinesa pode redefinir a rentabilidade das culturas" - Foto: Canva
As mudanças recentes no campo tailandês podem alterar o equilíbrio do mercado global de açúcar a partir da safra 2026/27. Segundo dados da StoneX, o país asiático, segundo maior exportador mundial de açúcar e líder em exportações de mandioca, vive uma reavaliação de sua estratégia agrícola: o retorno da rentabilidade da mandioca começa a ameaçar a hegemonia da cana nas principais regiões produtoras.
Com PIB projetado em US$ 1,9 trilhão em 2025, a Tailândia vinha reduzindo a área plantada de mandioca em favor da cana, mas o movimento se inverteu com a retomada da demanda chinesa. A China, que importou 2,5 milhões de toneladas da raiz em 2024, adquiriu 4 milhões entre março e julho de 2025 — 80% originadas da Tailândia. O avanço foi impulsionado pelo encarecimento do milho chinês, que levou a indústria de ração e etanol a buscar alternativas mais baratas.
“A recuperação da demanda chinesa pode redefinir a rentabilidade das culturas na Tailândia. A mandioca volta a ser uma alternativa viável, especialmente se os preços do açúcar continuarem em queda”, avalia o analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Marcelo Di Bonifácio.
Com isso, o preço da mandioca tailandesa saltou de 1.400 para 1.700 baht por tonelada entre junho e agosto, refletindo também na valorização dos derivados, como a tapioca chips. Caso os preços atinjam o intervalo entre 2.000 e 2.300 baht/t, o cultivo pode se tornar mais atrativo que a cana, especialmente se o açúcar continuar abaixo de US¢16/lb.
O cenário é sensível: uma migração significativa de áreas reduziria a oferta de açúcar e poderia conter o atual superávit global previsto para 2025/26. A Tailândia, responsável por cerca de 10% das exportações mundiais, é peça-chave nesse equilíbrio. No curto prazo, a mandioca volta a ser uma aposta rentável; no médio, o país pode redefinir a dinâmica de dois mercados agrícolas vitais para o mundo.