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Manejo integrado controla bolor-verde da laranja

Combinação de tecnologias que não empregam químicos combate o fungo


Foto: Arquivo

Uma pesquisa desenvolvida pela Embrapa Meio Ambiente (SP) aponta formas de combater o fungo causador do bolor-verde da laranja sem o uso de químicos. O método combina tecnologias de manejo integrado que atingem desempenho semelhante ao uso de fungicidas. São eles: tratamento hidrotérmico por aspersão e escovação (Thae), radiação ultravioleta C, agentes de biocontrole e uso de compostos bioativos.

A descoberta vem ao encontro da demanda de citricultores por soluções mais sustentáveis e eficazes contra o problema. O setor está dependente de apenas uma molécula química de fungicida para tratamento pós-colheita, que está gradativamente perdendo a eficiência no controle. “A nossa tecnologia é limpa e não deixa nenhum resíduo tóxico”, explica Daniel Terao, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente.

O método desenvolvido pela Embrapa mantém a sustentabilidade ao longo de todo o processo. Além de eliminar o descarte de agroquímicos tóxicos, as tecnologias utilizadas reduzem ainda o consumo de água e a necessidade de energia elétrica.

No Brasil, o tratamento hidrotérmico mais comum é por imersão das laranjas em água aquecida, em torno de 52 ºC durante cinco minutos. No entanto, além de usar grande volume de água quente não renovável, e do alto consumo de energia elétrica, não tem apresentado bons resultados. Ademais, acumula grande quantidade de detritos, matéria orgânica e propágulos dos fitopatógenos ao longo do dia. Já o tratamento hidrotérmico por aspersão e com escovação (Thae) é um processo que trata as frutas, enquanto giram sobre escovas rolantes, com spray de água quente em temperaturas mais elevadas que a imersão (de 55 °C a 70 °C), por um período curto de tempo (de 10 a 30 s), seguido imediatamente de aspersão com água fria a 15 °C, para cessar o efeito do calor.

Nos estudos sobre Thae verificou-se que, usando o binômio temperatura x tempo de 55ºC por 30 segundos, houve controle de aproximadamente 67% de mofo-verde em laranja Valência, além de aumentar no tempo de vida útil de prateleira dos frutos tratados, prolongando a firmeza, sem alterar o sabor da fruta. 

Terao explica que esse tratamento proporciona, além da limpeza superficial da fruta, um espalhamento da cera natural da casca, cobrindo e selando estômatos, que servem como locais de penetração e infecção pelo fungo. O método atende às exigências do mercado internacional de frutas frescas. Trata-se de uma tecnologia com potencial de reduzir, ou até mesmo, eliminar o uso de agroquímicos no tratamento pós-colheita de laranjas. “A ausência de resíduos químicos nas frutas tem sido cada vez mais demandada no exigente mercado internacional de frutas frescas”, destaca.

A combinação do Thae com a levedura Candida membranifaciens, seguida da irradiação com luz UV-C, promoveu incremento no controle da doença, e incrementou a atividade de enzimas relacionadas com a resistência natural da fruta, contribuindo aditivamente na redução da intensidade da doença. Resultados de pesquisas têm demonstrado que o Thae é potencializado quando combinado com a radiação ultravioleta no controle de podridões em diversas espécies de frutas, como em citros, manga, maçã, mamão, morango e cereja.

O Brasil é hoje o maior produtor e exportador de suco de laranja do mundo. Uma significativa parcela da produção se perde devido a doenças na pós-colheita, sendo o fungo Penicillium digitatum, que provoca o bolor-verde, o principal causador dessas perdas. O bolor-verde se caracteriza, inicialmente, por uma podridão mole na casca, que ganha tonalidade verde com a produção dos esporos do fungo. Esses esporos se desprendem facilmente quando se movimenta a fruta durante o armazenamento e transporte, resultando em rápida disseminação da doença, contaminação e comprometimento de todo o lote. 
 
 O estudo completo dos pesquisadores da Embrapa Meio Ambiente: Daniel Terao, Sonia Queiroz, Kátia Nechet e Bernardo Halfeld-Vieira, pode ser acessado aqui.
 

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