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Manutenção do trator sai caro para algumas comunidades do Ceará

A vida útil de um trator é de 10 anos em média


 Desde 1995, a partir da implantação do Projeto São José, no Ceará, tratores começaram a chegar ao campo para apoiar as atividades produtivas. O projeto não enfrenta desvio de finalidade, mas o entrave é o mau gerenciamento das máquinas que ficam quebradas com regularidade. A vida útil de um trator é de 10 anos em média e as comunidades que receberam os primeiros equipamentos hoje enfrentam dificuldades para compra de implementos e conserto dos veículos.


A ideia do projeto era que as comunidades conseguissem gerenciar bem essas máquinas e com elas melhorar a renda familiar e fazer fundo de reserva para manutenção dos tratores. Na prática, isso não acontece. Depois de 20 anos de aquisição de um trator, os atuais diretores da Associação de Moradores de Pedregulho, em Orós, enfrentam dificuldades para manter a máquina funcionando. "Está ficando quase inviável porque quebra demais", disse Bonfim Freire dos Santos, do Conselho Fiscal. "Nos últimos dois anos, já gastamos mais de quinze mil reais".

A localidade de Pedregulho fica no entorno do Açude Lima Campos uma área que no passado foi destaque por apresentar elevadas safras de arroz irrigado no verão (julho a dezembro). Além do trator quebrado, os produtores enfrentam alto custo de produção e baixo rendimento na lavoura. Desse modo, o desestímulo é geral.

Alguns fatores contribuem para que as associações comunitárias enfrentem dificuldades para manter os tratores em funcionamento com regularidade: o baixo preço cobrado pela hora de serviço para os sócios, que é de 50% em relação ao custo de mercado; reduzido retorno financeiro em face do baixo valor dos grãos produzidos (arroz, milho e feijão), que mal cobram os custos de produção e falta de gerenciamento. "Recebemos esse trator só o bagaço", lamentou Bonfim Santos. "O nosso sonho era adquirir uma máquina nova, mas o Projeto São José não permite", reclama.

A maioria das associações de produtores rurais enfrenta problema de gerenciamento, e não consegue fazer fundo financeiro para manutenção das máquinas e implementos. Com o decorrer do tempo, os tratores vão ficando estragados e com uso limitado. "Isso é uma questão cultural e depende do nível de organização das associações", observou o gerente regional do Projeto São José, Moacir Torres Bandeira.


A maior dificuldade é a manutenção das máquinas. "Infelizmente, muitas associações não estão organizadas para a formação de uma reserva financeira como prevê o projeto", observa o chefe do escritório da Ematerce em Icó, Francisco Pereira de Alencar, que apontou um caso exitoso. Associação Comunitária de Amaniutuba, em Lavras da Mangabeira, recebeu em 2010 um trator e um reboque e graças ao serviço de transporte e de preparo de terra já tem em caixa mais de R$ 6 mil. "Esse é um exemplo que deve ser seguido", observou.

Atualmente, o custo de aquisição de um trator com implementos agrícolas para o Projeto São José, segundo a Ematerce está orçado em cerca de R$ 80 mil. O equipamento favorece o preparo de solo para o plantio agrícola, beneficiamento de grãos e o transporte da safra e de outros produtos ou bens, beneficiando a comunidade. A cobrança de frete é outra fonte de renda para as associações. Na região Centro-Sul, há alguns exemplos de bom uso dos tratores em comunidades de Malhada Vermelha, em Icó; Croatá e Córrego, em Quixelô e José de Alencar, em Iguatu. A Associação de Moradores do Sítio Varzinha, no Distrito de José de Alencar, é um exemplo de organização e de bom gerenciamento. O trator adquirido há mais de dez anos e os implementos têm manutenção regular graças à correta aplicação dos recursos arrecadados.

MAIS INFORMAÇÕES:
Escritório da Ematerce em Iguatu
Av. Presidente Castelo Branco
S/N, Bairro Cocobó
Região Centro-Sul
Fone: (88) 3581. 9478

HONÓRIO BARBOSA

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