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Marcas brasileiras de cachaça miram exportação

No dia 13 de setembro é comemorado o Dia da Cachaça


Foto: Divulgação

Nesta segunda-feira (13) é comemorado o Dia Nacional da Cachaça, bebida feita a partir da destilação da cana-de-açúcar. A data foi escolhida por ser o dia em que a produção e comercialização da bebida foi permitida no Brasil, em 1661. A cachaça relembra os tempos de Brasil-Colônia quando o ciclo da cana era a base da economia.

O destilado já foi alvo de protestos na chamada Revolta da Cachaça. Isso se deu porque os portugueses, através de uma Carta Real de 13 de setembro de 1649, proibiram a fabricação e a venda da cachaça em todo o território brasileiro. Os proprietários de cana-de-açúcar e alambiques, indignados com as constantes cobranças de impostos aos longo dos anos e perseguidos por vender a bebida, se revoltam no dia 13 de setembro de 1661 e tomam o poder no Rio de Janeiro por cinco meses.  A bebida virou símbolo de resistência contra a dominação portuguesa.

Hoje o país segue referência quando o assunto é uma boa cachacinha. Segundo dados do Anuário Brasileiro da Cachaça de 2020, são 5.523 marcas de cachaça e aguardente disponíveis no mercado para comercialização, coleção e degustação pelos apreciadores e colecionadores de rótulos desses destilados. Em 2020, houve um salto no número de marcas registradas. A cachaça teve aumento de 18,5% na comparação com o ano anterior, e a aguardente expandiu-se 11,3%.

A abrangência nacional aumentou no último ano, quando foram identificados registros no Mapa em 25 unidades da Federação. Somente os Estados do Amapá e de Roraima não têm produtores de cachaça cadastrados. Por outro lado, em Minas Gerais, Estado que lidera a lista, existem 1.908 registros. Na sequência estão: São Paulo (705), Rio de Janeiro (404), Espírito Santo (324) e Santa Catarina (248). O setor movimenta R$ 7,5 bilhões anualmente no Brasil.

Bebida que conquista

Muitos empreendedores estão abrindo mão da carreira para investir no setor, como é o caso do Leandro Dias. Ele trabalhava na área de tecnologia, e em 2012, decidiu abrir mão da carreira para lançar a única cachaça no mundo com ouro. Com a pandemia, ele percebeu que seria lucrativo investir em um curso online que ensina como fazer a própria bebida sem gastar muito. Na marca criada por Dias a garrafa clássica de 700ml custa R$327. Já a armazenada em barris de carvalho custa R$437. “Foi uma forma de dar uma cara nova para uma bebida com anos de estrada”, diz o empreendedor. 

O cearense Hemerson Moreira Costa tem uma história parecida. Trabalhava na área da Tecnologia da Informação desde 1998. Com a pandemia e o aumento no número de pessoas trabalhando em casa, o setor de TI registrou alta na demanda, porém, Costa percebeu que não estava sendo remunerado com o valor condizente com o seu trabalho, então decidiu largar a carreira de 22 anos na área. Costa sempre gostou de beber, principalmente cachaça e vodka, suas bebidas favoritas, mas não tinha qualquer critério na hora de escolher um rótulo, então experimentou destilados de diversas marcas e preços. Foi só em 2004 que ele decidiu conhecer melhor o universo das cachaças, e descobriu como apreciar e reconhecer uma boa cachaça. Na tentativa de criar sua própria bebida, ele decidiu buscar informações de como envelhecer e armazenar cachaça para comercialização. O empreendedor então lançou no mercado, neste ano, a sua própria marca. A bebida é vendida em duas versões: Ouro, que é um blend de bálsamo e umburana, e prata, que passa um ano descansando em tonel de inox. É comercializada em casas especializadas, restaurantes e barracas de praia. O valor também é um outro diferencial, pois muitos estão acostumados com os preços das cachaças industrializadas. A prata custa entre R$70 e R$85. Já a ouro, fica entre R$80 e R$95. “Sempre que alguém fica com receio de saborear uma cachaça, principalmente nova no mercado, eu ofereço uma degustação e explico como a bebida é saborosa e produzida com qualidade e ingredientes selecionados, com o objetivo de acabar com o preconceito que alguns ainda costumam ter”, finaliza.

Tipo exportação

Do interior de São Paulo para o Reino Unido. O Engenho Dom Táparro começou por iniciativa do Sr. José Tápparo, em Mirassol, que em 1978 resolveu produzir cachaça para o consumo próprio e presentear os amigos. A cachaça fez tanto sucesso que começaram a querer comprá-la.

A empresa familiar, que agora conta com a terceira geração à frente dos negócios, fez sua primeira exportação, em 2019, para os Estados Unidos. As cachaças, os licores e coquetéis alcoólicos da marca também são vendidos na Holanda e Portugal. Em julho desse ano, outra grande conquista: um distribuidor levou as bebidas para o Reino Unido. Outros países também já se mostraram interessados nos produtos do Engenho como o Chile, Costa Rica, Austrália, República Tcheca, Panamá, Alemanha, Equador e Paraguai. O objetivo da marca é expandir cada vez mais os negócios e mostrar que o Brasil produz bebidas com qualidade e com história. “Queremos ver a cachaça sendo apreciada no mundo todo e conquistando cada vez mais espaço”, destaca Ademilson Tápparo, um dos sócios da empresa.

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