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Marcos Tang assume comando do Holandês

Depois de formado, Tang resolveu retribuir e atualmente produz 1,5 mil litros de leite por dia


Depois de dez anos, a Associação de Criadores de Gado Holandês do Estado (Gadolando) trocou de comando nesse domingo (20). O escolhido para ser o sucessor de José Ernesto Ferreira foi o produtor Marcos Tang, proprietário da Granja Tang, de Farroupilha, uma referência na criação nesta raça de gado leiteiro no Rio Grande do Sul. A ligação com a produção de leite é antiga na família Tang. O pai de Marcos, Orlando, começou a trabalhar com gado leiteiro em 1963. Quando jovem, a renda obtida com a atividade desenvolvida pela família ajudou Marcos a financiar seus estudos. Formado em medicina pela Universidade de Caxias do Sul, ele atua hoje na Capital, na Santa Casa de Misericórdia e no Hospital Moinhos de Vento.

No entanto, o amor pela atividade rural fez com que decidisse investir parte do patrimônio adquirido como médico na propriedade da família em Farroupilha. A mudança começou na década de 1990, quando a granja não produzia mais de 100 litros de leite por dia. A decisão tomada por Marcos, em conjunto com seu pai Orlando e seu irmão Itamar, foi comprar animais selecionados para iniciar uma criação de alta produtividade e com linhagem genética própria. “O leite pagou minha faculdade, e eu considerei que devia uma retribuição para a família e também para as vacas”, declara. Hoje, no dia a dia, a administração da granja ainda é realizada por Itamar e Orlando. Mas, nos finais de semana, o médico volta para a propriedade para colocar as botas e o macacão e ajudar nos trabalhos, juntamente com a mulher, Rozeli, e as filhas Gabriela e Giovana.

O pequeno tamanho da propriedade foi uma das razões para que a família Tang decidisse priorizar a qualidade e a produtividades de seus animais. Com uma área de apenas 23 hectares, dos quais 15 são ocupados pela produção leiteira, a granja é localizada no centro de um terreno cercado por colinas, onde o plantio de grãos não seria economicamente viável. “Não tenho condições de plantar aqui, mas posso ter 40 vacas em ordenha, com uma média de 35 litros diários por animal, e conseguindo supri-las de silagem. Então é uma atividade e rentável para a pequena propriedade.”

Logo a qualidade dos animais chamou a atenção dos criadores, que incentivaram Tang a entrar no circuito de feiras. A primeira participação na Expoleite foi em 2003. No ano seguinte, a granja já estava presente na Expointer, onde chegou a ganhar por três anos seguidos (2009, 2010 e 2011) o grande campeonato da raça. O sucesso também se verificou na Fenasul, encerrada neste domingo, quando uma novilha criada na propriedade venceu o prêmio na categoria jovem do Concurso Leiteiro.

Atualmente a Granja Tang produz cerca de 1,5 mil litros de leite por dia. O produto é todo comercializado para a Cooperativa Santa Clara, de Carlos Barbosa. No entanto, com a alta qualidade atingida pelos exemplares, a venda de genética se tornou outra importante fonte de renda para a propriedade. “Dependendo do ano de 20% a 50% do ganho provém da venda de matrizes.”

Para Tang, o exemplo de sua granja é uma prova que a produção de leite pode ser uma atividade rentável para a pequena propriedade. No entanto, é necessário investir em assistência técnica, controle dos custos de produção e, principalmente, melhoria genética e sanitária do rebanho.

Aumentar o número de animais registrados é meta do novo dirigente da associação

Como presidente da Gadolando, Marcos Tang acredita que a principal bandeira do setor deverá ser a expansão do registro da raça. “Neste ano que passou registramos 9,6 mil cabeças de gado Holandês no Rio Grande do Sul. Isso não é 10% do rebanho total do Estado.” O novo dirigente lembra que, em vários países da Europa, o registro não é opcional, mas sim uma obrigação. “Dessa forma temos um banco de dados sobre o animal desde o início de sua vida, as lactações que deram, a quantidade de gordura e sólidos produzidos, os problemas de saúde que teve e as razões da morte.”

Para Tang, o Rio Grande do Sul possui condições perfeitas para se tornar um centro de excelência de raças leiteiras europeias. “Temos clima e topografia adequadas para investir no gado europeu puro. Podemos ser o reduto da qualidade genética no Brasil. Mas para isso precisamos de dados estatísticos confiáveis, conseguidos através do registro. O resto do País está olhando para nossas ações.” O novo presidente da Gadolando espera que, em um ano, o número de animais registrados cresça para 15 mil.

Uma das dificuldades a serem vencidas para obter essa condição é o maior investimento em sanidade, a fim de tornar o Estado livre de doenças como a tuberculose e a brucelose. “No passado vários compradores eram temerosos de comprar nosso gado devido à sanidade. Hoje temos mais confiança, mas é um passo básico que temos que avançar para garantir nossa posição de excelência.” Outro problema enfrentado pelo setor é a mão de obra.

“Dizem que leite é escravidão, por que tu tens que trabalhar com isso todos os dias. As gerações mais novas não querem isso, elas têm desejo de conforto, e vemos muitos abandonar a atividade por causa disso.” De acordo com Tang, uma das soluções é a transformação da propriedade em uma empresa, com a contratação de funcionários que atuem em turnos, para que não haja sobrecarga de trabalho. “Isso é o caminho que estão tomando no Centro do País. Mas aqui há a possibilidade de fazer parcerias com os vizinhos, promovendo uma integração da força de trabalho.”
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