Medidas preventivas ajudam a diminuir riscos de incêndios
Especialistas listam cuidados que podem ser adotados para evitar fogo e prejuízos em propriedades rurais
"A primeira medida é substituir o uso de qualquer técnica que seja necessário atear fogo, pois a vegetação e o ar seco ajudam a alastrar as chamas rapidamente, além da fumaça fazer mal à população. O segundo passo é, se houver necessidade do uso de fogo fora do período proibitivo, o produtor procurar o órgão responsável no estado para orientá-lo e auxiliá-lo. A terceira medida é fazer aceiramento em torno da plantação" informou ao Agrodebate.
Farillo lembra que o fogo diminui o potencial produtivo do solo. "As queimadas nessas épocas mais secas fazem a terra perder nutrientes. O solo ficará exposto, prejudicando o rebrotamento da pastagem", pontuou.
O Corpo de Bombeiros reforça as dicas e dá outras sugestões. Recomenda a construção de reservatórios de água próximo das lavouras para casos de emergência. Durante o período é preferível que o produtor evite colher entre 10h e 14h. Materiais de fácil combustão, como papelão e latas de alumínio, devem ser retirados de áreas suscetíveis ao fogo.
O secretário-executivo de Combate de Gestão ao Fogo no estado, Major Ramão Corrêa Barbosa, diz que brigadistas estão atuando neste ano em diferentes regiões de Mato Grosso para auxiliar no combate aos incêndios.
Ao todo, serão três eixos com atuação de brigadistas: Cuiabá, Barra do Garças e Sinop.
Na região da capital, receberão brigadistas as cidades de Brasnorte, Comodoro e Cáceres. Na região de Barra serão Luciara, Cocalinho, Confresa e São Félix do Araguaia. Já no eixo Sinop, Cotriguaçu, Novo Mundo e Nova Ubiratã.
"Devido ao perigo, espalhamos brigadas em todo o estado. Estamos ainda na fase de prevenção e orientação, depois partiremos para a repressão, que é a autuação. A população deve ficar atenta".

O agricultor Domingos Mumaretto de Lucas do Rio Verde, a 360 quilômetros de Cuiabá, decidiu adotar todas as medidas preventivas na propriedade onde planta 20 mil hectares com soja e milho. Tudo após quase contabilizar prejuízos em função de um acidente com o fogo.
"Há muito tempo uma das nossas máquinas pegou fogo no rolamento e foi quando tomamos as providências para evitar novos problemas. Atualmente, evitamos colher entre 11h e 15h, período mais seco do dia. Temos uma equipe de sobreaviso, que é muito importante para casos de emergência. Também fazemos a colheita contra o vento, para que caso aconteça um incêndio o fogo fique na palha que está no chão", contou o produtor, em entrevista ao Agrodebate.
Ainda segundo o produtor, foram construídos aceiros de 40 metros às margens da rodovia para evitar que em caso de fogo fora das terras as chamas avancem para a área agricultável.
Aceiros
"Esse método não deixa o fogo se alastrar porque são plantas que permanecem verde durante a seca. Além de que essas vegetações ajudam a melhorar a qualidade do solo".
Clayton Bortolini ressalta a diferença desta técnica com a convencional (que retira a cobertura vegetal do solo e deixa faixas livres). " Diferente dos aceiros comuns, se uma palha pegar fogo em cima da vegetação as chamas não vão se alastrar e vai se apagar porque está verde. Já no aceiro comum, mesmo com aquele espaço, a palha pode voar antes de acabar o fogo e chegar até as lavouras", observou.
O produtor Domingos Mumaretto já utiliza aceiros e diz serem inúmeros os benefícios. "Nunca mais tivemos problemas com fogo. Tudo que podemos fazer é importante, um reforço na segurança".
Registros
Entre 15 de julho, quando em Mato Grosso iniciou-se o período proitivo de queimadas, até esta terça-feira (14) foram mais de 24 mil focos de calor registrados no Brasil, conforme o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Maranhão e Mato Grosso ficaram nas primeiras colocações, com 6,2 mil e 2,9 mil registros, respectivamente.
No Centro-Oeste, Mato Grosso do Sul é o estado com o segundo maior número de focos, 1.508. Em âmbito Brasil, é o sexto em casos.
Ainda de acordo com o Inpe, Goiás é o terceiro em focos de calor no Centro-Oeste, com 784 focos, compondo a 10ª colocação nacional.