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Mercado continua atento aos desdobramentos da guerra

Em Chicago, as cotações da soja, após o anúncio do relatório de intenção de plantio e de estoques trimestrais, na posição 1º de março, recuaram, chegando a atingir a US$ 15,82/bushel no dia 1º de abril


Foto: Pixabay

Em Chicago, as cotações da soja, após o anúncio do relatório de intenção de plantio e de estoques trimestrais, na posição 1º de março, recuaram, chegando a atingir a US$ 15,82/bushel no dia 1º de abril. No entanto, como a volatilidade deste mercado persiste, as cotações se recuperaram nos dias seguintes, com o fechamento desta quinta-feira (07), para o primeiro mês cotado, ficando em US$ 16,45/bushel, contra US$ 16,18 uma semana antes. A média de março acabou sendo uma das mais altas da história de Chicago, com US$ 16,79/bushel, subindo 5,7% sobre a de fevereiro. Um ano antes, em março/21, esta média foi de US$ 14,14/bushel. Ou seja, em 12 meses a média do bushel de soja subiu mais de dois dólares e meio.

O mercado continua atento aos desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia, na medida em que as negociações de paz pouco avançam. Ao mesmo tempo, havia expectativas em relação ao relatório de oferta e demanda de abril, a ser anunciado no dia 08/04, o qual comentaremos com detalhes, neste espaço, na próxima semana. Enfim, os preços do petróleo, no mercado mundial, voltaram a subir, puxando as demais commodities, especialmente a soja. Vale ainda destacar que a Covid-19 está levando a China a fechar grande parte de seu mercado novamente, com lockdowns em cidades importantes, como Xangai. Isso está afetando a demanda chinesa, assim como a sua oferta de fertilizantes para o mundo, além de outros problemas.

Neste sentido, os contratos futuros de farelo de soja, da China, caíram 6% no final da semana passada, sendo a maior queda diária em 10 anos. Contou para isso também a liberação de estoques estatais chineses. Somente na semana passada os contratos do farelo na Bolsa de Dalian caíram 13%. Pelo sim ou pelo não, o fato é que os preços do farelo no mercado chinês estavam muito altos e indicavam uma correção para baixo. Com isso, as margens das indústrias esmagadoras na China começaram a melhorar. Segundo traders e analistas, a queda deve continuar, já que mais grãos chegam à China e a demanda do setor pecuário continua fraca, pois os suinocultores do país continuam perdendo dinheiro a cada suíno criado.

Pelo lado dos EUA, na semana encerrada em 31/03, o país embarcou 737.372 toneladas de soja, ficando o volume dentro das projeções do mercado. Assim, em todo o ano comercial atual os estadunidenses exportaram 44,2 milhões de toneladas de soja, sendo este volume 19% menor do que o exportado no mesmo período do ano anterior. 

E no Brasil, os preços continuaram em baixa durante boa parte da semana, com a média gaúcha caindo para R$ 175,09/saco, enquanto em muitas praças os preços praticados estiveram entre R$ 171,00 e R$ 173,00/saco. Assim, em poucas semanas, o mercado gaúcho registra perdas de cerca de 30 reais por saco de soja. O grande motivo deste movimento continua sendo o câmbio, auxiliado pelo recuo parcial nas cotações em Chicago em alguns momentos. Entretanto, parece que, ao atingir o ponto de R$ 4,60 por dólar, a moeda brasileira chegou ao seu piso, neste momento, e um movimento de desvalorização do Real se iniciou neste final de semana. A questão é verificar se ele terá sustentação, pois no início de maio o Copom deverá anunciar novo.

aumento no juro básico (Selic) brasileiro, fator que favorece a valorização da moeda nacional. Dito isso, no Rio Grande do Sul, onde, agora, as chuvas atrasam a colheita e já causam perdas localizadas, até o final da semana passada 19% da área havia sido colhida, contra 40% na média histórica para esta época do ano. A produtividade média se estabelece ao redor de 17 sacos/hectare. No milho, a colheita gaúcha chegava, no final de março, a 75% da área, contra 63% na média histórica. (cf. Emater).

Em termos de preço, nas demais praças nacionais a soja fechou a corrente semana, primeira do mês de abril, valendo entre R$ 150,00 e R$ 167,00/saco.
Por sua vez, a exportação de soja brasileira, em abril, está estimada em 11,1 milhões de toneladas. Este volume representa um recuo de 29% sobre o recorde mensal de 15,7 milhões obtido em abril do ano passado. Já em março, as exportações de soja foram 2,7 milhões de toneladas menores do que em igual mês do ano anterior. Em se confirmando tais projeções para abril, o Brasil fechará os quatro primeiros meses de 2022 com exportações menores em 1,5 milhão de toneladas na comparação com igual período de 2021. O volume esperado para o atual primeiro quadrimestre é de 34,7 milhões de toneladas exportadas. (cf. Anec) Neste contexto, muitos analistas já esperam uma exportação total brasileira, neste ano de 2022, abaixo de 80 milhões de
toneladas de soja, contra 86,6 milhões no ano passado.

Enfim, no caso do farelo, espera-se vendas externas de 1,9 milhão de toneladas em abril, ficando o volume final 300.000 toneladas acima do praticado em abril do ano passado. Por enquanto, o esmagamento de soja no país está com boas margens.

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