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Mercado da soja - CEEMA

Tais preços se devem única e exclusivamente ao câmbio, já que os prêmios nos portos brasileiros se mantiveram baixos


Foto: Marcel Oliveira

As cotações da soja em Chicago, após iniciarem a semana em elevação, recuaram bastante a partir do anúncio dos relatórios do USDA no dia 31/03. Com isso, o bushel da oleaginosa, para o primeiro mês cotado, fechou a quinta-feira (02/04) em US$ 8,58, contra US$ 8,80 uma semana antes.

Efetivamente o relatório de intenção de plantio indicou um aumento possível, da área de soja a ser semeada neste ano nos EUA, em 10%, passando a mesma para 33,8 milhões de hectares. Em isso se confirmando e o clima ajudando, os EUA poderão colher ao redor de 118 milhões de toneladas nesta próxima safra, ou seja, 22 milhões de toneladas acima da frustrada safra passada. O relatório trouxe uma área dentro da média esperada pelo mercado.

Já o relatório de estoques trimestrais, na posição de 1º de março, acusou um recuo de 17% sobre o mesmo momento do ano passado, com o volume ficando em 61,2 milhões de toneladas. Mesmo assim, o mercado julgou-o ainda importante, pois se esperava um volume menor. 

Dito isso, o coronavírus Covid-19 continua provocando estragos na economia em geral, com seus efeitos negativos sobre as commodities. Dados recentes, procedentes da China, dão conta de que os lucros das grandes empresas industriais locais recuaram 38,3% em  janeiro e fevereiro, em base anual. As empresas estatais viram seus lucros caírem 32,9% no período, enquanto o setor privado registrou recuo de 33,6%. Os preços junto aos setores de computação, comunicação e equipamentos eletrônicos recuaram 87% nos dois primeiros meses do ano, enquanto no setor automobilístico a queda foi de 79,6%.

Enquanto isso, as exportações líquidas estadunidenses de soja, referentes ao ano comercial 2019/20, iniciado em 1º de setembro, atingiram a 904.300 toneladas na semana encerrada em 19/03. Este volume representou um forte crescimento em relação a média das quatro semanas anteriores, ficando acima do esperado pelo mercado.

No final da semana, com o agravamento da pandemia na Europa, EUA e agora na América do Sul e outras partes do mundo, as cotações do petróleo e as bolsas de valores voltaram a recuar, ajudando a puxar para baixo as cotações das commodities em geral e da soja em particular.

Já no Brasil, a crise do coronavírus, que paralisa o país, continua provocando desvalorização do Real. Nossa moeda chegou a bater em R$ 5,27 por dólar durante a semana, fato que eleva o preço em reais da soja. Assim, em termos nominais, pela primeira vez na história a soja alcançou valores acima de R$ 90,00 no balcão gaúcho, fechando a semana na média de R$ 90,85/saco. Nos lotes, os preços ficaram ao redor de R$ 96,50/saco. Nas demais praças nacionais os lotes giraram entre R$ 85,00 em Querência e Sinop (MT), e R$ 98,00/saco em Campos Novos (SC), tendo mesmo atingido a R$ 101,00 no porto catarinense de São Francisco do Sul, R$ 100,00 em Santos, R$ 101,00 no CIF Paranaguá sobre trem e R$ 102,50/saco CIF Rio Grande sobre rodas (caminhão). Nas demais praças do interior brasileiro os preços dos lotes ficaram em R$ 94,50 no Paraná; R$ 80,50 em São Gabriel (MS); R$ 85,50 em Goiatuba (GO); R$ 85,00 em Pedro Afonso (TO); e R$ 87,00/saco em Uruçuí (PI).

Tais preços se devem única e exclusivamente ao câmbio, já que os prêmios nos portos brasileiros se mantiveram baixos, entre US$ 0,31 e US$ 0,72/bushel.

Enfim, a colheita da atual safra de soja no Brasil, até o dia 27/03, atingia a 74% da área total, contra 72% na média histórica. No Rio Grande do Sul a mesma atingia a 40%, contra 23% na média histórica para esta data. No Paraná 85%, no Mato Grosso 99% e em Goiás 86% da área total. (cf. Safras & Mercado) No Rio Grande do Sul vai se confirmando uma quebra de safra de, pelo menos, 50% do total esperado, com baixa qualidade do grão colhido em grande parte do Estado.
 

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