Mesmo ainda sem tarifa, EUA já perde mercado
Empresas americanas já notam movimento a favor do Brasil
A China ainda não implementou a proposta de 25% de tarifa externa na soja americana, mas os danos a relação entre os dois países já aconteceu. “Boas reputações levam anos para se acumular e momentos para evaporar”, diz Mike Steenhoek, diretor-executivo para a Coalizão para o Transporte de Soja.
Em um encontro recente, membros da Associação de Soja de Iowa compartilharam suas preocupações sobre a crescente disputa comercial entre Estados Unidos e China, que compra aproximadamente US$ 12 bilhões em soja americana.
“O impacto de longo prazo no desejo chinês de comprar produtos americanos é o que me incomoda mais”, diz Kirk Leeds, CEO da ISA, que esteve na China em múltiplas missões comerciais. “Se a China continuar a pagar um prêmio pela soja sul-americana, isso causará expansão no Brasil”.
Um aumento nas exportações brasileiras de soja na China poderia durar mais tempo que as discussões entre Washington e China, diz Grant Kimberley, diretor de desenvolvimento de mercado da ISA.
“Uma vez que exista uma preferência pela soja do Brasil, será difícil voltar. Seremos relegados a ser um fornecedor residual onde somente somos parceiros quando eles precisam de nós”, diz Kimberley. “O Brasil é visto como um parceiro de mais longo prazo e eles tem hectares [disponíveis] para plantar”.
A preferência pela soja sul-americana pode ser implementada mais facilmente na China com as suas principais empresas estatais. “Um número relativamente baixo de pessoas pode dizer que as empresas estatais que considerem comprar do Brasil, que poderiam ser subsidiadas”, diz Leeds. “Se você não tem livre mercado e tem controle do governo, como questão de política a favor dos interesses do governo, você comprará soja sempre que possível”.
