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Metade da soja do Porto de Paranaguá é transgênica


Metade das 65 mil toneladas de soja armazenadas no Porto de Paranaguá é transgênica. Todos os testes realizados até agora pela Empresa Paranaense de Classificação de Produtos (Claspar) apresentaram resultados positivos para a presença de organismos geneticamente modificados para os grãos armazenados nos terminais do porto paranaense. Verificações realizadas ontem pela Claspar, com a participação da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) e de agrônomos da Secretaria da Agricultura e Abastecimento (Seab), mostraram que havia soja transgênica no terminal público de Paranaguá, chamado "silão", e nos armazéns da multinacional norte-americana Cargill.

A previsão da Claspar é que os exames sejam encerrados amanhã. Na terça-feira, os testes também constataram a soja armazenada nos silos do terminal paraguaio também era transgênica. A soja modificada encontrada no terminal público é proveniente de produtores de Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, segundo as entidades que fizeram os testes. Os responsáveis pela verificação disseram que é impossível determinar a procedência da soja da Cargill, que também apresentou sinais de manipulação genética.

A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com a direção da empresa em Ponta Grossa e em São Paulo, mas as ligações não foram retornadas até o fechamento desta edição. De acordo com o superintendente da Appa, Eduardo Requião, foi marcada para hoje uma reunião com os representantes dos proprietários dos grãos armazenados em Paranaguá, com o objetivo de decidir o que fazer com a soja transgênica.

Segundo Eduardo Requião, o produto não será exportado. Ele lembrou que o volume da oleaginosa que está em Paranaguá é pequeno. "Toda a soja armazenada no porto pode ser escoada num único navio para outro lugar do Brasil ou em cerca de 2 mil caminhões para outros locais. Tudo está no campo das hipóteses. O que queremos é evitar prejuízo aos exportadores", frisou. O cálculo de profissionais de comércio exterior é de que um navio possa carregar até 55 mil toneladas de grãos.

Em Paranaguá, a expectativa era que um navio chegasse hoje da Argentina para levar 11 mil toneladas de soja para a Itália. Mas a embarcação teve de desviar sua rota e agora vai carregar soja no Porto de São Francisco, em Santa Catarina. Nas últimas semanas, o governo do Paraná tentou negociar com a administração catarinense a formação de uma "área livre" dos produtos geneticamente modificados. Mas Santa Catarina optou por liberar o plantio e transporte de transgênicos em seu território.

A Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) a ser impetrada pelo governo sul-matogrossense contra a lei estadual 307/ 2003, do Paraná, ficou adiada para a semana que vem, de acordo com o procurador do estado do Mato Grosso do Sul, José Wanderley Bezerra Alves. "Estamos estudando o texto", disse. Alves tentou embargar, no Supremo Tribunal Federal (STF), a fiscalização paranaense, que exige, há cerca de dez dias, o certificado de ausência de material transgênico nos grãos que entram no estado. Entretanto, o pedido foi negado pelo ministro Cézar Peluso.

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