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Milho e logística podem afastar agroindústrias de SC

Estado importa o cereal do Brasil central por via rodoviária


As deficiências logísticas e a escassez de milho se constituem em dois graves gargalos para o desenvolvimento de Santa Catarina. A necessidade de trazer quase 3 milhões de toneladas de outras regiões para consumo animal em território catarinense e o custo técnico, financeiro e ambiental dessa operação podem – a médio prazo – inviabilizar as agroindústrias catarinenses.
Solucionar a questão “milho e logística” é a equação para manter em Santa Catarina as agroindústrias. O Estado importa esse cereal do Brasil central por via rodoviária e seu custo está destruindo a competitividade da indústria catarinense de processamento de carnes, mostra o presidente da Associação Catarinense de Avicultura (ACAV), Clever Pirola Ávila, preocupado com os efeitos resultantes do alto custo do frete do milho que vem, principalmente, do Mato Grosso.
 
“No curto prazo pagamos o preço de mercado acrescido de um custo logístico significativo. Mas, a longo prazo, estamos sensibilizando o Governo Estadual na adoção de um plano estratégico para a agroindústria que, neste tópico específico, passa pelo incentivo à construção de silos e armazéns no território barriga-verde, visando manter o milho aqui produzido”.
 
O dirigente sublinha que são imprescindíveis os investimentos na infraestrutura, especialmente, ferrovias interligando o centro-oeste brasileiro a Santa Catarina e ferrovias ligando o litoral ao oeste catarinense. Observa que há em curso um movimento de transferência dos novos empreendimentos agroindustriais para outros Estados brasileiros detentores da produção de grãos e de incentivos fiscais relevantes: “No cenário atual temos esta tendência da redução destes empreendimentos no Estado”.
 
O presidente da ACAV alertou o Governo de Santa Catarina sobre a perda da liderança produtiva do Estado para o Paraná e a urgência da aplicação do plano estratégico apresentado em 2011. Ávila lembra que a Marfrig fechou uma planta de abate de aves em Jaraguá do Sul e entre as justificativas estava a distância entre o milho produzido (centro-oeste) e a fábrica de rações, o que encarecia o processo. Adverte que outras empresas possam tomar o mesmo rumo.
 
O milho, insumo fundamental para as vastas cadeias produtivas de frangos, suínos e leite, é cultivado em 815 mil hectares que produzem 4 milhões de toneladas por ano, numa média de produtividade de 50 sacos/hectare (embora em algumas regiões se obtenha 150 sacas por hectare). O Estado já atingiu o limite de sua capacidade produtiva e, nos anos de normalidade de produção, Santa Catarina importa de 1,8 milhão a 2 milhões de toneladas para abastecer o vasto sistema de produção agroindustrial. Em face da estiagem, importará 3 milhões de toneladas neste ano.
 
ESSENCIAL
 
É necessário um grande e caro esforço para importar e transportar esse insumo das regiões produtoras, especialmente o centro oeste brasileiro, até Santa Catarina. Para transferir 3 milhões de toneladas de milho são necessárias 100 mil carretas com capacidade padrão para 30 toneladas. Esse transporte custa cerca de 500 milhões de reais, custo absorvido pela indústria catarinense da carne que, por isso mesmo, perde competitividade. “Com esse valor dá para construir uma indústria nova por ano”, compara o dirigente.
 
Em face desses fatores, o presidente da ACAV não tem dúvidas que a permanência das agroindústrias no oeste catarinense dependerá da construção de vias férreas. O transporte por ferrovia corresponde a 33% do custo do modal rodoviário. A equação ferroviária passa por duas obras: a ferrovia intraterritorial leste-oeste (ligando a região produtora aos portos catarinenses) e ferrovia interestadual norte-sul (ligando Chapecó ao Mato Grosso do Sul).

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