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Minas começa a produzir nova variedade de batata

Batata Emeraude é originária da França e própria para cozimento


supermercados e sacolões de Belo Horizonte começam nesta semana a oferecer uma nova variedade de batata para os consumidores. Depois de 10 anos de experimentos no Brasil, será colocada à venda a batata Emeraude. Originária da França, ela vai ser ofertada em seis pontos de venda em Belo Horizonte.

A venda da Emeraude em Minas Gerais é o resultado de um programa de cooperação técnica entre a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o governo da França para introdução de novas variedades no Estado, maior produtor nacional de batata. A Emeraude faz parte de um grupo de 19 variedades francesas que, após passarem por testes de avaliação em diversas propriedades mineiras, foram registradas no Ministério da Agricultura e estão aprovadas para serem comercializadas em todo o país.

“O trabalho realizado com a Emeraude em Minas Gerais é pioneiro no Brasil. O objetivo é oferecer diferentes variedades de batata para o consumidor, como ocorre na França”, explica a assessora da Secretaria de Agricultura, Luciana Rapini. Segundo ela, na França existem mais de 200 variedades de batatas à disposição dos consumidores. “Cada variedade é classificada dentro de um grupo de acordo com a finalidade específica, como fritura, purê, forno e cozimento a vapor ou na água. Além disso, as variedades francesas são adequadas a diferentes tipos de solo e clima”, comenta. No Brasil, a variedade de batatas disponíveis ainda é pequena, pois cerca de 80% do mercado é dominado pela batata Ágata.

A nova variedade está sendo cultivada no município de Irai de Minas, no Alto Paranaíba. O agricultor Sérgio Soczek, tradicional produtor de batata, adquiriu a batata-semente de uma empresa de tecnologia vegetal que representa as variedades francesas no Brasil. Já a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) ficou responsável pela avaliação do desempenho da Emeraude no campo. Ao longo do desenvolvimento do projeto, a Ceasa Minas coordenou, junto com a Secretaria da Agricultura, a realização de missões de técnicos e de bataticultores mineiros à França para conhecer a segmentação do mercado naquele país.

“A idéia é buscar uma opção à batata Ágata, com um produto de diferentes características culinárias”,explica o Sérgio Soczeck. Segundo os técnicos, os testes com a batata Emeraude em Minas Gerais indicaram que, apesar de menor produtividade na colheita em relação à Ágata, a Emeraude apresenta menores teores de umidade e maiores teores de amido, proporcionando preparo de purês cremosos e consistentes, massas mais firmes e batatas assadas com melhor sabor e textura.

Apesar de conter menos água, a Emeraude, assim como Ágata, não é indicada para fritura. “A variedade francesa é muito indicada para cozimento na água e a vapor, não escurecendo nem esfarelando após estes processamentos. Os teores de amido fazem ainda com que Emeraude absorva facilmente o sabor de temperos e molhos, sendo especialmente indicada ao preparo conjunto com outros legumes, carnes bovinas, suínas e de frango”, explica Luciana Rapini.

A Ceasa Minas coordenou uma avaliação visual e sensorial de diferentes cultivares francesas de batatas destinadas à fritura, cozimento e salada. A avaliação contou com a participação de 25 voluntários representantes de produtores, atacadistas e consumidores. Nos testes foram avaliados atributos como sabor e aparência. A batata Emeraude obteve a melhor aceitação no atributo sabor na forma de cozimento.

Comercialização

O plantio pioneiro em Iraí de Minas foi de 24 hectares. A primeira colheita deve se estender até o início julho. “Vamos verificar a aceitação dos consumidores neste período e verificar a viabilidade de mercado. Mas já tenho uma área plantada com colheita prevista para começar em agosto”, informa Sérgio Soczek, que também pretende enviar parte da produção para São Paulo e Goiás, mantendo a média de preço da variedade Ágata. “Tudo é aprendizado, desde o plantio da nova variedade até a aceitação dos consumidores”, afirma.

Outra ação pioneira do projeto será a forma de comercialização. Assim como acontece com arroz, feijão e outros alimentos, a batata Emeraude chega aos supermercados embalada e com identificação, inclusive do produtor. “O rótulo vai conter informações qualitativas e nutricionais, conforme as normas do Ministério. É uma forma inédita de comercializar a batata, até então só vendida a granel”, comenta Luciana Rapini.

“O maior desafio é trabalhar um mercado segmentado para a batata, pois ainda não temos esta tradição com os consumidores brasileiros”, explica Wilson Guide, chefe do Departamento Técnico da Ceasa Minas. Segundo ele, as donas-de-casa ainda não estão acostumadas a comprar uma batata específica para cozimento. “A maioria das compras de batata é voltada para fritura”. Em agosto está prevista a chegada ao mercado da batata Opaline, que é própria para fritura e também é originária da França.

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