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Ministério propõe lista de rating para produtores


Os agricultores brasileiros poderão ser incluídos em uma lista de classificação de rating. "Vamos criar um mecanismo de redução de risco para o produtor que busca crédito no mercado", afirmou ontem Ivan Wedekin, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, durante o Painel Setorial Serasa.

O instrumento, chamado de certificação de desempenho do produtor, será elaborado pelo governo, a partir de 2004, junto com a iniciativa privada, e foi inspirado na lista de classificação de rating para as empresas.

O governo quer organizar um banco de dados do produtor para servir como análise na liberação de financiamento. "Muitos investidores têm interesse em fazer aportes na agricultura, mas muitos não têm dimensão do risco dos agricultores", afirmou Wedekin. "Os mecanismos de crédito, como as CPRs (Cédula do Produto Rural), com taxas altas, poderiam ser reduzidas conforme o risco do produtor."

Dos R$ 90 bilhões de orçamento agrícola para 2003/04, cerca de um terço é financiamento por políticas públicas. O restante é dividido entre capital próprio e financiamento de terceiros, como agroindústrias, que fazem relação de troca por insumos e contratos de gaveta.

O Banco do Brasil diz estar disposto a ajudar no que for preciso. Hoje o BB tem o maior acervo com perfil de agricultores do país. Pelos critérios do banco, a liberação do crédito só é feita com base no passado financeiro do agricultor, nos riscos da cultura, o que inclui região produtora, clima, além da capacidade de administrar do produtor.

A notícia foi bem recebida pelo mercado. De acordo com José Vicente Ferraz, da FNP Consultoria & Comércio, a criação de uma lista de risco será um grande desafio, uma vez que muitos dados, sobretudo os bancários, são sigilosos. "Mas se concretizado, poderá baratear o crédito."

Atualmente, os agricultores são considerados bons pagadores. No BB, o índice de inadimplência é quase zero. De acordo com a Serasa, o agronegócio se comparado com a média das atividades do país tem o maior índice de adimplência.

Outro mecanismo para facilitar a comercialização será a criação dos contratos de opção de venda, com controle do setor privado. Ontem, Wedekin apresentou a minuta de regulamentação do contrato na (BM&F). "As agroindústrias, ao invés do governo, vão lançar os contratos de opções no mercado. As cooperativas e produtores serão os compradores", afirmou o secretário de política agrícola. O papel do governo será o de fazer um leilão de prêmio para cada contrato emitido. Caso os preços fiquem abaixo do esperado na entrega, esse valor do prêmio deverá ser abatido do total. O primeiro instrumento será para milho, a partir de fevereiro de 2004.

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