Mosaic entra na Justiça contra Bunge pela gestão da Fosfertil
Americana teme pela gestão da maior fornecedora de matéria-prima para o setor
Americana teme pela gestão da maior fornecedora de matéria-prima para o setor. Duas gigantes do agronegócio brasileiro vão se enfrentar nos tribunais nos próximos dias. De um lado está a fabricante de fertilizantes The Mosaic Group, uma empresa cuja sócia majoritária é a Cargill Agrícola. Do outro, a Bunge Fertilizantes, maior indústria de insumos do Brasil. No centro da disputa está a gestão da Fosfertil, a maior fornecedora de matérias-primas para as indústrias de fertilizantes do País.
"Não estamos mais participando da co-gestão da Fosfertil e honestamente estamos muito preocupados com o futuro da companhia e sobretudo com a independência dos atuais gestores", disse Tobias Grasso, diretor-geral da Mosaic no Brasil.
A briga, que envolve grandes nomes e grandes números, vicejou em um labirinto intrincado onde não faltam participações societárias e cruzamentos de participações societárias cujo objetivo final é o controle da Fosfertil, empresa que no ano passado faturou R$ 2,2 bilhões.
No primeiro plano, o embate envolve a Fertifos, consórcio dono de 80% do capital votante da Fosfertil, e onde Bunge e Mosaic são sócias, com participação de 52% e 33%, respectivamente. Segundo Grasso, um acordo de cavalheiros garantia à Mosaic a indicação de três dos nove conselheiros da empresa. O acordo, no entanto, foi rompido no final de abril passado. "A Bunge Fertilizantes, de forma abusiva, indicou três conselheiros dela no nosso lugar, o que garantiu a ela poder sobre a Fertifos e, conseqüentemente, controle da Fosfertil", diz Grasso, sem economizar nas tintas. A Bunge passou a ter oito dos nove assentos na Fertifos e automaticamente indicou metade dos conselheiros da Fosfertil.
Segundo Grasso, a atuação da Bunge não se restringiu ao conselho. Investida de poder, ela já substituiu executivos - como o de recursos humanos e o de finanças e relações com o mercado - e não há como saber se investimentos anunciados previamente serão cumpridos, disse.
A preocupação da Mosaic não se restringe a uma mero preciosismo de acionista preocupado com os rigores da governança corporativa.
Embora não se admita de forma aberta, não é difícil imaginar que uma das preocupações maiores é a política de preços que será utilizada. Caso a Bunge decida aplicar para si uma tabela de descontos mais generosa do que a vigente para o mercado, inclusive a própria Mosaic, isso pode desencadear uma guerra de acionistas sem precedentes na indústria de insumos.
Grasso disse ainda não saber se isso já está acontecendo ou qual seria a atitude da Mosaic caso o boato se torne realidade. Por enquanto, o caminho é a Justiça. Ontem, a Mosaic deu entrada com liminar tentando suspender a assembléia onde a Bunge indicou seus conselheiros, em detrimento da Mosaic.
As ações da Fosfertil PN caíram 2,9% ontem na Bovespa, enquanto o Ibovespa recuou 4,3%. No ano, o papel acumula queda de 35,9%.