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MT tem gargalos para exportar carne

Metade dos 94 mil pecuaristas perde a lucratividade por serem criadores em propriedades fora da área habilitada para venda à UE


Mato Grosso exporta 30% de seu abate bovino anual, em torno de 5,5 milhões de cabeças, para os quatro cantos do mundo. Em números absolutos trata-se de um mar de rosas, mas na ponta do lápis metade dos 94 mil pecuaristas, que respondem por 50% do rebanho, perde a lucratividade por serem criadores em propriedades fora da área habilitada para venda à União Européia.

É nessa encruzilhada que a cadeia pecuária comemorou nessa terça-feira (16-01) 11 anos sem notificação de foco de aftosa nas invernadas mato-grossenses.

Em entrevista para falar sobre a data, o presidente da Assembléia Legislativa e do Fundo Emergencial da Febre Aftosa (Fefa), deputado Zeca D’Ávila (PFL), elogiou os criadores pelo quadro sanitário animal alcançado graças à participação coletiva nas etapas de vacinação contra a doença, mas lamentou a ausência da União e do Estado, “da maneira que é preciso”, na luta contra a aftosa.

Zeca partiu em defesa dos pecuaristas excluídos da área habilitada para exportar à União Européia, que em razão disso vendem seus lotes para o abate a preços médios 10% inferiores aos que são pagos pelos frigoríficos aos animais da área com habilitação.

Zeca explicou que Mato Grosso mantém o mesmo padrão sanitário em todos os municípios porque “adota política universal (contra a aftosa)”, mas que a burocracia decidiu fatiar o Estado do seguinte modo: a região central é habilitada, enquanto o Sul e o Norte são excluídos. O pecuarista do bolsão apto a exportar recebe o preço justo pela arroba, enquanto seu colega da outra área é penalizado.

A eliminação da região -- subdividida em duas áreas -- excluída é a grande bandeira do Fefa. Essa luta, no entanto, encontra resistência externa, “porque ninguém sabe o que fazemos aqui”, lamenta Zeca.

É grande o rombo que essa desigualdade provoca: Mato Grosso abate 5,5 milhões de cabeças ano. Metade desses animais (2,75 milhões de cabeças) é vendido 10% mais barato, o que corresponde a 275 mil bovinos.

A desinformação sobre Mato Grosso é recíproca tanto aqui quanto nos demais estados. Isso é debitado pelo deputado ao Ministério da Agricultura, que deixou de promover reuniões dos circuitos da pecuária, onde autoridades, técnicos e criadores trocavam informações.

Mas não será fácil derrubar as barreiras que mantêm o fatiamento. Isso em razão da burocracia e da ausência da União em área de sua competência. “Temos 750 quilômetros de fronteira seca com a Bolívia e, nessa faixa, não há sequer um posto de controle do Ministério da Agricultura. E a Funai complica ao máximo o acesso às áreas indígenas onde Fefa e Indea realizam as campanhas de vacinação”, critica Zeca.

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