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Nível do Rio Paraguai volta a subir no Pantanal

Rio Paraguai está 40 centímetros acima do nível normal


Levantamento realizado pela Embrapa Pantanal (Corumbá, MS), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento , com base em dados fornecidos pelo Serviço de Sinalização Náutica do 6º Distrito Naval da Marinha do Brasil, evidencia que o nível atual do Rio Paraguai encontra-se 40 centímetros acima do nível normal para essa época do ano. No dia 28 de fevereiro, a centenária régua de Ladário (MS) atingiu a marca de 2,80 metros, quando a média histórica para essa data é de 2,40 metros.

"Nesse ano, o nível das águas do Rio Paraguai, no município de Ladário, apresentou uma rápida elevação, seguida de um período relativamente longo, em que ficou praticamente estacionado, e mais recentemente voltou a subir", explica o pesquisador da Embrapa Pantanal, o hidrólogo Sérgio Galdino, que há 15 anos acompanha as cheias do Pantanal. No período de 25 de janeiro a 2 de fevereiro, o nível do rio passou de 2,07 para 2,58 metros, uma elevação de 51 centímetros em apenas nove dias - média de quase seis centímetros por dia. Já entre os dias 10 e 24 de fevereiro, o nível ficou estacionado em torno de 2,70 metros, voltando a registrar elevação média de dois centímetros diários, entre os dias 25 e 28 de fevereiro.

Para o pesquisador, a rápida elevação do nível das águas do Rio Paraguai, ocorrida no fim de janeiro, deve estar associada a um grande volume de chuvas localizadas na região de Corumbá e Ladário. Com a redução das precipitações locais, o volume da água proveniente do Estado do Mato Grosso não foi suficiente para manter o nível do rio em elevação. Nesse período de 15 dias, o nível do rio não baixou, provavelmente devido a troca de águas entre o rio e as baias adjacentes, típico do Rio Paraguai no Pantanal. A subida do nível do rio, a partir de 25 de fevereiro, deve estar associada ao maior aporte de águas decorrentes de chuvas que ocorreram no mês de dezembro do ano passado, nas cabeceiras dos rios pantaneiros localizados no Mato Grosso, tais como; o Rio Cuiabá, o Rio São Lourenço e o próprio Rio Paraguai.

O volume de água proveniente do Estado de Mato Grosso é o principal responsável pela cheia do Rio Paraguai no Pantanal Sul-Mato-Grossense. O lento deslocamento das águas no Pantanal, face ao seu relevo quase plano, faz com que a cheia do Rio Paraguai, se propague lentamente no sentido norte-sul. Daí a ocorrência de cheias nos meses de maio a julho, em Corumbá e Ladário, em pleno período de estiagem.

Previsão para a cheia de 2005 - O método probabilístico de previsão do pico de cheia no Rio Paraguai, desenvolvido pela Embrapa Pantanal, a partir do nível do Rio Paraguai no dia 1º de março (2,82 metros), calcula que as chances da cheia desse ano atingir pico igual ou superior a 5 metros são de 86%. Já a probabilidade de ocorrer uma cheia igual ou superior a 5,5 metros são de apenas 20%, sinalizando assim, uma cheia normal com pico de 5 a 5,49 metros - média de 5,25 metros.

Análise recente do desempenho do método verificou para essa época do ano (1º de março), que existe uma margem de erro de 55 centímetros para mais ou para menos na previsão. Com isso, o hidrólogo Sérgio Galdino está projetando uma cheia semelhante a registrada nos últimos três anos, que deve ficar entre 4,70 e 5,80 metros. "Apesar dessa previsão praticamente descartar a possibilidade da ocorrência de uma cheia de grandes proporções nesse ano no Pantanal, quando o pico da cheia é igual ou superior a 6 metros é recomendável que a Defesa Civil e os pecuaristas pantaneiros, que possuem propriedades rurais próximas ao Rio Paraguai, fiquem atentos, uma vez que ainda restam 30 dias para o término do período chuvoso no Pantanal e nas cabeceiras dos rios pantaneiros", ressaltou o pesquisador.

Galdino recomenda aos interessados, que acompanhem as previsões de cheia da Embrapa Pantanal e da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM. As previsões da Embrapa Pantanal poderão ser acessadas no seu link de serviços, no seu site (http://www.cpap.embrapa.br), e da CPRM no endereço http://www.cprm.gov.br/rehi/pdf/prev.pdf.

Referenciais de cheias - O pico da cheia no Rio Paraguai, em Ladário (MS), constitui-se num dos principais referenciais de seca ou cheia no Pantanal. Para a Embrapa Pantanal, quando o nível máximo anual na régua centenária (1900 a 2005) da Marinha do Brasil fica abaixo de 4 metros, como ocorreu em 2001, com apenas 3,15 metros, o ano é considerado como sendo de seca no Pantanal. Por outro lado, se o pico da cheia for igual ou superior a 4 metros, o ano pode ser considerado como sendo de cheia no Pantanal.

Quando o pico da cheia fica compreendido entre 4 a 4,99 metros, como ocorreu no ano passado, com 4,26 metros, este ano é de cheia pequena. Se o nível máximo anual fica compreendido entre 5 e 5,99 metros, o ano é de cheia normal. Igual ou superior a 6 metros, o ano é de cheia grande ou "super-cheia". A última vez que ocorreu "super-cheia" no Pantanal foi em 1995, quando a régua de Ladário registrou a sua terceira maior marca do século passado, que foi de 6,56 metros. A maior cheia que se tem registro no Pantanal, ocorreu em 1988, com a marca histórica de 6,64 metros.

Entretanto, a cheia que mais prejuízos causou para a pecuária bovina do Pantanal, foi a de 1974, quando milhares de cabeças de gado morreram. Apesar do pico (nível máximo) dessa cheia ter sido inferior a 6,0 m (5,46 m), o fato dela ter ocorrido após o mais longo período de seca do Pantanal, pegou os pecuaristas de surpresa. Durante o período de 1964 a 1973, que antecedeu a essa cheia, o nível máximo registrado na régua de Ladário, havia sido de apenas 2,74 metros.

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