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Nova fronteira para soja no Maranhão


Depois de Balsas, agricultores investem em Chapadinha, localizada no nordeste do estado. Surge uma nova fronteira agrícola para a soja no Maranhão. Além de Balsas, no sul do estado, a região de Chapadinha, a 252 quilômetros de São Luís, desponta como uma opção a mais para o plantio de soja, arroz, milho e algodão. Investidores do setor já estão de olho na região. A corrida por terras destinada ao plantio de soja, em especial, foi iniciada há três anos.

A região de Chapadinha está localizada no nordeste do estado e compreende dez municípios, entre eles Chapadinha, Brejo, Santa Quitéria, Anapurus, São Bernardo e Buriti. Segundo levantamento da Embrapa Meio Norte (com sede em Teresina), a região possui 1,5 milhão de hectares, dos quais 500 a 600 mil hectares são de terras agricultáveis.

Segundo dados da Gerência Regional de Chapadinha, existem 3,7 mil hectares plantados com soja este ano e mais 10 mil hectares com culturas mecanizadas de arroz e milho. "A tendência é aumentar", diz Evandro de Melo Brito, diretor de Desenvolvimento Agrícola.

Plantio experimental

A empresa do Rio Grande do Sul SLC Agrícola Ltda., que tem fazendas no sul do Maranhão desde 1987, adquiriu uma área de 213 mil hectares no município de Buriti. Desses total, 200 hectares estão plantados com soja e mais 50 hectares foram destinados ao plantio experimental com milho, soja, algodão e cana-de-açúcar. A SLC é a proprietária da Fazenda Parnaíba, em Tasso Fragoso, a 934 quilômetros de São Luís. A propriedade em Buriti é chamada de Fazenda Palmeira. A empresa também possui fazendas agrícolas em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Rio Grande do Sul.

Este ano a SLC já deve colher 550 toneladas de soja, com rendimento médio de 45 a 50 sacas (60 quilos) o hectare. "Para o primeiro ano é um bom resultado", diz o agrônomo da Fazenda Palmeira.

Baixo custo das terras e a logística estão entre os fatores que motivaram a SLC investir na região, segundo o agrônomo. Está apenas a 250 quilômetros do complexo portuário de São Luís, por onde o produto é escoado para o exterior, e a 250 quilômetros do Piauí, onde já existe esmagadora de soja. O transporte é feito via rodovia. O grande problema ainda, conforme destaca o engenheiro, é a falta de cultivares adaptados à região.

Pesquisas estão sendo feitas na região há cinco anos pela Embrapa meio Norte em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Corredor de Exportação Norte (Fapcen) no sentido de identificar as mais adequadas para a área.

Para o produtor gaúcho Wilson Ambrósio, que mora na região há mais de 10 anos, o plantio em Chapadinha está crescendo de forma muito rápida. "O pólo está em fase de consolidação, não tem volta e vai avançar", afirma. Em uma área de 2,5 mil hectares no município de Brejo, a 324 quilômetros de São Luís, Wilson Ambrósio é um dos pioneiro na região e lembra que nos anos 80 alguns produtores de forma tentaram sem sucesso introduzir um pólo de grãos na região, o que não deve mais se repetir. O empresário conta que naquela época, quem queria investir estava descapitalizado, havia deficiência de chuva e fizeram opção pela cultura do arroz.

Estudos da Embrapa e Fapcen comprovam que os resultados com a soja na região são bastante promissores. Algumas linhagens de soja (materiais em estudo) têm potencial de produzir para até quatro toneladas por hectare. As cultivares recomendadas aos produtores têm alcançado até três mil quilos por hectare, o que é um resultado bastante positivo, segundo o pesquisador da Embrapa, Gilson Jesus de Azevedo Campelo. As experiências são feitas nas áreas dos próprios produtores.

Fósforo e potássio

Entre as cultivares recomendadas estão a sambaíba, seridó rch, pati e tracajá. São os mesmos materiais recomendados para a região, considerada tradicional, da soja que compreende o sul do Maranhão e o sudoeste do Piauí, conforme destaca o pesquisador. Também não há diferença de clima e solo, necessitando apenas de aplicar calcário e adubar com fósforo e potássio.

Preço da terra

A região de Chapadinha, porém, tem algumas vantagens competitivas em relação à região tradicional, segundo destaca o pesquisador da Embrapa. A primeira é o preço da terra, inferior ao de Balsas e do Piauí, em virtude de estar no início de criação do pólo.

Outro benefício é a localização, próxima aos portos de São Luís. A terceira vantagem diz respeito ao período do plantio. Na região de Chapadinha o plantio da soja é iniciado a partir de 15 de janeiro, enquanto que na região tradicional é realizado de 15 de novembro a 15 de dezembro. "Com a diferença de 30 dias, o produtor pode desenvolver atividade nas duas regiões, podendo deslocar máquinas sem prejuízos", afirma Gilson Campelo.

Segundo o gerente adjunto de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural do Maranhão, João Batista Fernandes, é intenção do governo do estado transformar a região de Chapadinha em um novo pólo agrícola. "Queremos criar mais este pólo de grãos, com destaque para a soja", afirma.

Entre as iniciativas que a gerência está tomando, é solicitar ao governo federal a implantação de uma unidade da Embrapa no Maranhão com foco no estudo de grãos e fruticultura. O objetivo do governo estadual na região é possibilitar aos pequenos agricultores familiares acesso à novas técnicas no sistema de produção, visando o aumento da produtividade.

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