Nova usina dos Biagi será em Lins (SP)
Os irmãos Biagi lançam a pedra fundamental da Usina Lins S.A. Açúcar e Álcool
Irmãos Bernardo e Lourenço investem R$ 123 milhões em nova usina em SP. Os irmãos Bernardo e Lourenço Biagi, proprietários da Usina Batatais, localizada no município de mesmo nome, no interior paulista, lançam sábado a pedra fundamental da Usina Lins S.A. Açúcar e Álcool, que começa a operar já na próxima safra. O investimento total, sem incluir parcerias na área agrícola a serem feitas com fazendeiros da região de Lins, é de R$ 123 milhões, sendo 60% de recursos próprios e 40% de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
"Nossa prioridade maior é o caixa. Como o juro no Brasil é o maior do mundo, decidimos investir o máximo com dinheiro próprio e evitar eventuais complicações futuras", diz Bernardo Biagi. Os recursos próprios vêm da Usina Batatais e da venda de fazendas da família.
"Vamos manter em Lins a filosofia adotada na Usina Batatais, de fazer parcerias com produtores rurais locais", diz Bernardo. Segundo ele, fazendeiros da região foram convidados para o lançamento da pedra fundamental da nova usina. "Queremos oferecer a eles mais uma opção de investimento", afirma Bernardo, para quem a cana rende até cinco vezes mais do que a pecuária extensiva e duas vezes mais do que a soja, predominantes na região.
Com a nova usina, os irmãos sócios deverão dobrar o processamento de cana em médio prazo. A Usina Batatais, segundo Bernardo, processará neste ano 3,2 milhões de toneladas de cana, volume próximo da capacidade máxima. A Usina Lins, prevista para moer 850 mil toneladas em 2007, deverá processar volume equivalente no futuro.
Netos do italiano Pedro Biagi, que no início do século passado fez os primeiros investimentos no setor sucroalcooleiro em Ribeirão Preto, os irmãos escolheram Lins para expandir a produção de açúcar e álcool. "A região de Ribeirão Preto é a melhor do mundo para se plantar cana, mas está saturada. Por isso estamos indo para Lins, onde clima e solo não são muito diferentes", diz Bernardo.
É preciso ressaltar que o custo da terra em Lins, entre R$ 8 mil e R$ 10 mil por hectare, é bem menor do que na região de Ribeirão Preto, onde o hectare está avaliado em R$ 25 mil, segundo Atílio Benedini, um dos principais corretores de terra do interior e responsável pela compra dos 600 hectares próprios da Usina Lins.
"As novas fronteiras são o melhor investimento para quem quer viver de arrendamento. O proprietário da terra recebe de 6% a 8% sobre o capital aplicado, o dobro do que se paga na região de Ribeirão Preto", diz Benedini.
Inicialmente, a Usina Lins produzirá apenas álcool hidratado (80 milhões de litros na primeira safra), "para atender à crescente demanda dos carros bicombustível", diz Bernardo.
Desde janeiro de 2004, foram plantados 1,4 mil hectares de cana-de-açúcar para formação do viveiro de mudas, para o plantio de mais 6 mil hectares até abril do próximo ano. Para processar mais de 3 milhões de toneladas de matéria-prima e operar a nova unidade à plena capacidade, serão necessários 40 mil hectares de terras, incluindo 20% para renovação dos canaviais a cada cinco anos. É aí que entram as parcerias com produtores locais.
Segundo Bernardo, a localização da nova unidade industrial, perto de onde o rio Dourado deságua no Tietê, é excelente e pesou na escolha do grupo. Além de água em abundância, a região tem boas estradas e linhas ferroviárias, que facilitarão o escoamento da produção. A hidrovia Tietê-Paraná, num futuro próximo, também poderá ser utilizada para o transporte de álcool e açúcar.