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Novo programa de qualidade do café


Indústria vai adotar padrões mínimos com o objetivo de aumentar o consumo "per capita". As indústrias do setor de café no Brasil estão trabalhando para lançar na primeira quinzena de maio um novo programa de qualidade, sob o ponto de vista sensorial do consumidor final da bebida. O anúncio do novo programa será feito durante as festividades dos 30 anos da Associação Brasileira das Indústrias de Café (Abic), que será realizada em Brasília, no dia 14 de maio. "O programa terá o mesmo conceito das regras da Organização Internacional do Café (OIC)", afirma Nathan Herszkowicz, diretor-executivo da Abic.

Segundo Herszkowicz, a proposta é de que as indústrias passem a adotar um padrão mínimo de qualidade e que sejam certificadas para garantir a utilização desses padrões. "A Abic passou quase metade de sua história administrando o selo de pureza. Queremos lançar agora um programa que garanta a qualidade do produto ao consumidor e que mostre a ele o prazer de saborear um bom café", afirma o executivo da Abic.

Nova proposta

No início do ano, as indústrias apresentaram ao governo uma proposta para a edição de um instrumento federal para que fosse criada alguma regra que garantisse uma qualidade mínima para o café. A idéia é que o padrão mínimo seja a utilização de um café tipo 8 COB. "Isso significa que em uma amostra de 300 gramas de café só pode haver 360 defeitos, com limite de 20% de grãos pretos, verdes e ardidos. Essa medida é fundamental para melhorar a qualidade do café ao consumidor e já estamos desenvolvendo esse modelo de qualidade, que deverá ser apresentado por completo em janeiro de 2004", afirma.

O executivo informa que o mercado oferece hoje aos consumidores cafés com mais de 800 defeitos, ou seja, mais de duas vezes o mínimo aceitável. "Esse tipo de prática começou a acontecer depois da extinção do Instituto Brasileiro de Café (IBC). A partir de sua extinção, todos os seus atos normativos foram extintos também e o setor ficou praticamente sem regras", afirma. O padrão tipo 8 COB era o exigido na época do IBC.

A proposta da Abic para melhorar a qualidade do café está sendo bem vista pelas grandes empresas do setor. "Consideramos essas ações muito importantes. As grandes empresas sempre se preocuparam com os consumidores e já adotam até um padrão superior ao que a Abic pretende colocar como mínimo", diz Sydney Max de Paiva, presidente da torrefadora Café Bom Dia.

Segundo ele, a medida poderá fazer com que o consumo "per capta" de café volte a crescer, já que nos últimos dois anos está estagnado. "A Abic resolveu o problema das misturas do café com a criação do selo de pureza e fez com que o consumo per capta passasse de 2,46 quilos para 3,87 quilos. O problema é que estamos parados nesse último valor há dois anos", afirma Max de Paiva.

O executivo da empresa considera que a estratégia de algumas empresas de abrir mão da qualidade para oferecer um produto com preço inferior é um "tiro no pé".

"Em 1995 o salário mínimo era de R$ 50. Estamos com um salário mínimo de R$ 240 e com o preço do café praticamente o mesmo de 1995. Isso significa que mesmo com o aumento do poder de compra dos consumidores não houve um aumento no consumo de café. O consumo de café poderia ter crescido perto do nível de crescimento do salário", afirma Paiva, ao atribuir a situação à má qualidade de algumas marcas de café.

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