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O impacto da pandemia na manga

No segundo semestre o que pode repercutir é a queda de consumo


Foto: Pixabay

De acordo com o IBGE, em 2018, o Brasil plantou pouco mais de 65 mil hectares de manga, com produção de 1.319 milhão de toneladas.  A fruta é produzida em 21 estados, com destaque para Pernambuco, Bahia e São Paulo. 

Segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), o Vale do São Francisco é responsável por 90% da manga brasileira exportada e gera 200 mil empregos diretos. O volume de manga exportado no primeiro quadrimestre foi acima da média histórica. O problema é que quando analisada a receita de exportação fevereiro, março e abril tiveram os menores preços praticados em dólar dos últimos oito anos. “São dois fatores: a concorrência com o Peru e a qualidade da nossa manga que, com ano muito chuvoso, teve problemas com antracnose. Os preços praticados não foram satisfatórios mas na conversão na taxa de câmbio ainda ficou viável”. A avaliação é do Pesquisador da Embrapa Semiárido, João Ricardo de Lima, em um webinar que trouxe uma análise do mercado da manga nacional e que impactos a fruta sofreu com a pandemia. 

O primeiro estudo levou em conta a demanda pela fruta. Em uma conversa com produtores, exportadores, parceiros de outros países e atacados foi mapeada a cadeia e como estava sendo afetada.  Do ponto de vista da oferta o agronegócio foi um dos únicos setores que não parou e não foram registrados problemas. “O que houve foi só um pouco mais de restrição. Mesmo que a área tenha expandido bastante no Vale do São Francisco, a restrição de oferta tem relação com problemas sazonais e não com o coronavírus”, explica. Já a demanda surpreendeu. “Quando se imaginava que seria um período difícil nunca se vendeu tanta manga porque as pessoas correram aos supermercados para se abastecer”, diz o pesquisador.

E os preços?

Logo nos primeiros dias de pandemia, Lima diz que foi mais complicado para o produtor vender de forma a cobrir, minimamente os custos de produção. O consumidor passou a ir menos ao supermercado e alterou os hábitos de consumo e a programação dos atacadistas. “Com essa mudança teve semanas com muita fruta e em outras faltava manga”.  

A situação repercutiu em preços das variedades Tommy e Palmer. A mínima histórica de preços desde 2012 foi registrada este ano mas desde meados de abril os preços reagiram e hoje estão acima da média no período. A fruta já registra sete semanas de preços em elevação. “O que pode acontecer é a venda pressionada da manga antes dela estar pronta, ainda verde. O produtor pode ter a impressão que está fazendo um bom negocio porque o comprador vai pagar bem mas isso trava o mercado. Se tiver só manga verde o consumidor não compra ou tem que esperar amadurecer e não compra novamente em 15 dias. Quando for chegando mais fruta os supermercados estarão cheios”, explica Lima.

No segundo semestre o que pode repercutir é a queda de consumo. Com a renda achatada devido a uma possível crise econômica o consumidor garante o básico e se sobrar compra frutas,optando pelas da época ou mais baratas. “Em Recife já vimos preços de R$ 15/kg. Então existe a possibilidade de que o impacto da economia afete a demanda de frutas e, com isso, o produtor deve colocar só 70% da área de manga em produção”, projeta. 


 

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