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O impasse da energia solar

A geração de energia sustentável, em alta no Brasil, pode perder incentivos


Foto: Pixabay

O Brasil é o país que mais recebe irradiação solar no mundo, cerca de 3 mil horas por ano. Isso pode explicar porque a energia gerada por placas fotovoltaicas cresceu tanto, especialmente no último ano. Do total matriz energética brasileira, 1,2% é produzido através sistemas solares. Em 2019 isso era equivalente a 2,2 GW de potência instalada. Em 2018, era de 1,19 GW e correspondia a 0,75%. A Região Nordeste é a mais favorável ao sistema. 

Até dezembro de 2018, o setor de energia solar no Brasil possuía 48.613 sistemas fotovoltaicos instalados. As previsões apontam que, em 2024, o Brasil terá aproximadamente 887 mil sistemas de energia solar (On Grid – ligados na rede) instalados por todo território brasileiro. Entre as principais vantagens está o custo da conta de energia, que pode ser zerado e o consumidor ainda devolver o excedente produzido para a companhia de energia elétrica.

Como funciona

Para ter geração de energia solar na casa ou propriedade e até sistemas de armazenamento da fazenda,  é necessário instalar as placas fotovoltaicas. Elas podem ser monocristalinas (para regiões com menos sol como Sul e Sudeste) e policristalinas (ideais para o Nordeste). Quando a geração solar fotovoltaica é superior à demanda, o sistema devolve a energia para rede, no sentido contrário, para ser utilizada por outros consumidores, automaticamente sem intervenção e seguindo normas de segurança.

A captação pode ser feita de duas maneiras: on-grid quando conectada à rede elétrica, utilizando tanto energia solar quanto da companhia energética local ou off-grid, integralmente do sol. Quando a geração solar fotovoltaica é inferior à demanda, ou no período noturno, a diferença de energia é suprida automaticamente pela energia elétrica da distribuidora.

A polêmica da taxação

No final de outubro começaram a surgir notícias de que o setor perderia importantes incentivos. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) abriu uma consulta pública que prevê que os incentivos sejam revogados gradativamente. A Aneel alega que, pelas regras atuais, os consumidores que não possuem sistema de geração próprio de energia acabam pagando pelos subsídios de quem tem. 

O prazo  terminou na última segunda-feira, 30. Agora as sugestões devem ser compiladas e feito um documento que será colocado em votação na agência. Esse processo deve ser concluído ainda no primeiro trimestre. 
No final de novembro o presidente Jair Bolsonaro já havia vetado um projeto aprovado na Câmara e no Senado que previa isenção do Imposto de Importação para equipamentos e componentes de geração elétrica de fonte solar. 

O que pensa o setor

A palavra que define o momento é apreensão. Dalvi Soares de Freitas, proprietário de uma empresa que vende a estrutura para energia solar de Porto Alegre (RS), aponta que no último ano a procura pela modalidade sustentável de energia cresceu muito em propriedades rurais tento como incentivos o fim do subsídio à energia rural. O governo Temer definiu o fim dos incentivos na conta de energia rural em cinco anos, ou seja, neste prazo o produtor rural passará a pagar o mesmo valor pelo Kw do que o morador da zona urbana. “Se as novas regras forem consolidadas nos moldes em que estão na última consulta pública da Aneel, além de colocar o país na contramão da geração e consumo de energia limpa, de fonte sustentável, praticamente vai extinguir uma cadeia produtiva que cresceu muito nós últimos anos, responsável pela geração de milhares de postos de trabalho”, lamenta.

A Associação Brasileira de Energia Solar Fotovolatica (ABSOLAR) diz que a mudança regulatória na geração distribuída solar fotovoltaica é prematura no Brasil em comparação com o resto do mundo. Entidade defende atualização das regras a partir de 5% de participação da modalidade na matriz nacional, conforme melhores práticas internacionais.

Atualmente, dos mais de 84,4 milhões de consumidores cativos brasileiros atendidos pelas distribuidoras de energia elétrica, apenas de 163 mil (equivalente a 0,2%) possuem a tecnologia. Na Espanha, por exemplo, mudanças em 2010 tiveram impacto negativo sobre consumidores e inviabilizaram a energia solar por 8 anos. “Com medidas bem-sucedidas para o desenvolvimento da energia solar distribuída países como Austrália, China, EUA e Japão, por exemplo, já ultrapassaram a marca de 2 milhões de sistemas solares fotovoltaicos distribuídos, enquanto que na Alemanha, Índia, Reino Unido e outros, o quantidade supera 1 milhão de conexões”, explica a entidade. A ABSOLAR  ainda recomenda ao regulador e ao governo brasileiro que incorpore as melhores práticas internacionais de geração distribuída em suas propostas para o Brasil, evitando retrocessos e riscos econômicos e jurídicos vivenciados em outras economias.

Valor do investimento

Quanto ao investimento inicial de quantas placas serão necessárias para suprir a demanda é preciso fazer um cálculo que leva em consideração: a potência de cada placa solar, a irradiação solar de cada região, a perda média de energia que toda placa tem, obtendo, assim o valor de energia que a placa gera. Posteriormente é preciso ver o valor da sua conta de energia elétrica e dividir pelo número de dias no mês e pela potência gerada pela placa. Assim, pode-se obter o número de placas necessárias. Estima-se que, para uma residência, o investimento médio inicial seja de R$ 15 mil, podendo ser financiado e gerando retorno do investimento em 3 anos.

No vídeo te explicamos certinho como essa conta pode ser feita e ainda mostramos dois sistemas: equipamentos que tem autonomia de gerar toda a energia e sem gastar diesel, com baterias de lítio e outro sistema solar capta a luz do sol para bombar água. 

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