O que é mito e o que é verdade sobre arroz irrigado no Marajó
O engenheiro agrônomo fala sobre o que é mito e o que é verdade sobre o plantio de arroz irrigado no Marajó
Os representantes do projeto, que tem licença ambiental liberada até 2015, aceitaram assinar um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com a Sema para garantir que não haverá prejuízos ambientais e sociais. Iniciado com a plantação de 2 mil hectares, produção será ampliada paulatinamente chegando a 65 milhões de quilos de arroz com casca e aproximadamente 43 milhões de quilos de arroz polido e milhões de quilos de farelo e arroz quebrado. O engenheiro agrônomo, mestre, especialista em Arroz Irrigado e Solos e assessor especial da Sagri, Adilson Antônio Nemer, que participou da visita técnica na área, fala sobre o que é mito e o que é verdade sobre o plantio de arroz irrigado no Marajó.
P – É verdade que diminuiu a quantidade de peixe e de camarões nas comunidades próximas do projeto, como foi denunciado pelo Instituto Piabiru?
R – Não é verdade. Nós conversamos com líderes da comunidade quilombola Gurupá, de onde teria partido a denúncia e onde estaria acontecendo isso. Mas eles nos disseram que continuam pegando a mesma quantidade de peixe e camarão e até mais, depois do plantio do arroz.
P – E em relação ao isolamento da comunidade quilombola de Cuieiras, é verdade que a comunidade foi cercada e os moradores não podem usar a estrada para ir até a sede do município?
R – Essa denúncia de que os moradores da comunidade quilombola Cuieiras estavam proibidos de ir da comunidade para a sede do município pela rodovia que passa que passa no meio da propriedade do Quartiero (Paulo César Quartiero, empresário e deputado federal, dono do plantio de arroz irrigado no Marajó) porque ela foi cercada nunca aconteceu. O Paulo Quartiero pediu autorização da comunidade para construir uma cerca para que os bois da fazenda dele não invadissem as roças deles. E isso foi aceito por eles.
P – Essa imensa área irrigada não vai causar a proliferação do mosquito da dengue como também foi denunciado?
R – Quanto a isso não há mínima possibilidade de acontecer. A água usada na irrigação e drenagem dos arrozais é renovada todos os dias, não é uma água parada. E por ser uma água que se renova todos os dias não permite a procriação do mosquito da dengue, não há a mínima possibilidade de acontecer isso.
P - O uso de agrotóxicos pode ameaçar as espécies da região?
R – Esse é um assunto que vai exigir de nós maior cuidado. Mas técnicos da Dema, (Divisão de Meio Ambiente da Polícia Civil), da Adepará (Agência de Defesa Agropecuária do Pará) e da Sagri vão monitorar a água e o solo e amostras serão enviadas para análises na UFPA (Universidade Federal do Pará) para saber se existe ou não contaminação. Mas como especialista posso assegurar que não haverá problema até porque os agrotóxicos usados hoje no Brasil não oferecem perigo para humanos e animais. Já estão proibidos de serem fabricados no Brasil, por exemplo, agrotóxicos à base de metais pesados, os organoclorados e os clorados que causavam danos á saúde. O que nós sugerimos também é a introdução da educação ambiental nas escolas para formarmos cidadãos conscientes que fiscalizem isso também.
P - O projeto vai gerar emprego para os moradores de Cachoeira do Arari?
R – O projeto gera emprego direto para 120 pessoas, incluindo a parte de cultivo e a industrial. Infelizmente a falta de energia firme no município fez com que a indústria de beneficiamento do arroz fosse implantada em Icoaraci. E em Cachoeira só não foram contratados mais trabalhadores porque muitos deles não queriam assinar a carteira para não perder benefícios sociais do governo.
P – E quanto à denúncia de que sítios arqueológicos estariam sendo colocados em risco com esse projeto, procede?
R – Não, não procede. Até porque até agora não foi encontrado nenhum sítio arqueológico na área em que o projeto está sendo implantado. Ainda assim todos os sítios arqueológicos que forem por ventura encontrados serão preservados. O Museu Paraense Emílio Goeldi já foi contatado e está acompanhando essa questão, mas dentro da propriedade não tem sítio arqueológico.
P – É verdade que o arroz que está sendo plantado agora pode acabar com as espécies nativas de arroz da região?
Os arrozes selvagens da subespécie O. perennis e Oryza glaberrima, não desaparecem e nunca serão dizimadas dos campo de produção de arroz comercial pelo simples cultivo do Oryza sativa, L até por pertencerem à mesma família o que dificulta o seu controle. O manejo cultural e tecnológico da lavoura é que irá determinar sua disseminação e medidas de controle, em especial, dos capins arrozes existentes em grande número na região e no interior das quadras de produção, para que o arroz cultivado possa produzir mais e melhor no Arquipélago do Marajó e atrair um maior número de empresários do ramo do agronegócio paraense, tirando o Arquipélago da estagnação econômica.