CI

Operadores de commodities ganham prestígio e influência em Wall Street

Em firmas como Merrill Lynch, Lehman Brothers, Goldman Sachs Group e outras, a longa fase de altas do petróleo, ouro e matérias-primas está refazendo a estrutura de poder de Wall Street


Os traders de commodities - há muito considerados primos pobres dos banqueiros de investimento - estão numa rápida escalada para a sala da presidência em firmas de Wall Street. Em firmas como Merrill Lynch, Lehman Brothers, Goldman Sachs Group e outras, a longa fase de altas do petróleo, ouro e matérias-primas está refazendo a estrutura de poder de Wall Street, enquanto banqueiros de investimento e operadores de títulos de crédito imobiliário apanham com a queda de seus mercados. Ontem mesmo o petróleo fechou em novo recorde, a US$ 93,80 o barril. O ouro está perto do nível mais alto em 28 anos.

"As pessoas que estão trazendo dinheiro gordo hoje vão naturalmente se tornar heróis dentro de suas firmas", afirma Henry Jarecki, que durante décadas já dirigiu e vendeu vários negócios de commodities e hoje preside a Gresham Investment Management, que presta serviços de investimento em commodities a investidores privados. Este mês, a Merrill Lynch & Co. escolheu um executivo do segmento de energia relativamente pouco conhecido, David Sobotka, para chefiar seus negócios de renda fixa, que são cruciais para a firma e incluem negociação e subscrição de títulos de dívida, câmbio e commodities.

Sobotka, de 51 anos, entrou para a Merrill Lynch há apenas três anos, quando ela comprou a empresa de negociação de combustíveis que ele chefiava. Em um comunicado, a Merrill descreveu o negócio como "talvez a aquisição mais bem-sucedida na história da companhia".

A Lehman Brothers Holdings Inc., por sua vez, nomeou o empresário Chuck Watson, um dos fundadores da companhia de geração e negociação de energia Dynegy Inc., para ser um dos diretores mundiais de sua divisão de commodities, em um sinal claro da crescente importância da negociação de energia para os clientes de zonas petrolíferas e da indústria de energia.

Watson, de 57 anos, saiu da Dynegy em 2002, em meio a questões sobre sua contabilidade agressiva, e mais tarde fundou uma empresa de negociação de energia em que a Lehman fez um investimento. Veteranos de commodities vêm ascendendo na hierarquia de outra firmas importantes também. O diretor-presidente da Goldman Sachs Group Inc., Lloyd Blankfein, já foi vendedor de ouro lá e supervisionou câmbio e commodities nos anos 90.

Gary Cohn, um dos diretores-superintendentes da Goldman Sachs, é um ex-diretor de commodities no Reino Unido, e Richard Ruzika, diretor de commodities da Goldman até este ano, foi recentemente contratado para dirigir o braço de investimento de elite da firma, o "grupo de situações especiais".

No Morgan Stanley, Neal Shear, há muito diretor da área de commodities, que começou como corretor de metais preciosos, foi escolhido para dirigir a grande divisão de renda fixa da firma dois anos atrás. Ele atribui ao seu treino em commodities a oportunidade de uma "ampla exposição a muitos mercados diferentes". Ele ganhou US$ 35 milhões no ano passado, de acordo com informes do Morgan a autoridades do mercado.

É claro que o status em Wall Street é em si uma commodity caprichosa que sobe e desce com os mercados aquecidos. Na época No boom de tecnologia do fim dos anos 90, os analistas e banqueiros de investimento especializados em ações ganhavam todas as atenções.

Até recentemente, eram os lucros de corretores agressivos de títulos de renda fixa que eclipsavam as comissões dos banqueiros. Mas os fiascos de negociação de títulos lastreados em créditos imobiliários dos últimos meses torpedearam as carreiras de astros da renda fixa da Merrill à Bear Stearns Cos., entre eles alguns candidatos a ocupar a presidência executiva.

A negociação de commodities, junto com a venda e estruturação de investimentos em recursos energéticos e naturais para investidores, continua a ser uma notável fonte de lucro. Além disso, depois de vários anos de um mercado de alta para produtos que vão do petróleo ao cobre, os setores de energia e metais e mineração estão entre os poucos que ainda geram um fluxo constante de fusões e aquisições em meio a uma virtual paralisia desses negócios em outras partes.

Nesse cenário, alguns executivos que haviam ascendido a cargos proeminentes fora do mundo das commodities chegaram a saltar de volta para a área, que recuperou sua atratividade. Blythe Masters, do J.P. Morgan Chase & Co., uma ex-corretora de derivativos de crédito que recentemente trabalhou como diretora financeira do banco de investimentos, agora chefia a área de commodities da firma.

Em meio à disparada dos preços e a uma elevada volatilidade, "as demandas tanto por produtos para investidores quanto para produtos de gestão de risco para clientes corporativos alimentaram-se a si próprias. Os valores em dólares não pararam de crescer", afirma Skip McGee, diretor global de banco de investimentos do Lehman.

Os corretores de commodities foram os últimos no topo do pilha na fase de alta do mercado nos anos 70 e no começo dos 80. Em 1981, a gigante de trading de petróleo e metais Phibro Corp. ficou tão poderosa que comprou o banco de investimentos Salomon Brothers. É um detalhe geralmente esquecido, já que a firma logo depois adotou o nome Salomon à medida que a negociação de títulos de altíssimo risco, os "junk bonds", virou o negócio da vez.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.