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Opinião: As vantagens comparativas do Brasil


Luiz Marins
    
Conversando com empresários, industriais e investidores estrangeiros que tinham planos já definidos e aprovados para investimentos de longo prazo no Brasil, fiquei impressionado ao ver que, de forma unânime, eles  falaram da sua profunda decepção com o que vem acontecendo com o nosso País— desarranjo total da economia, corrupção, desemprego, destruição do valor da Petrobras, crescimento negativo do PIB, etc.— afirmando que não veem outra alternativa a não ser buscar outro local para receber esses investimentos diretos produtivos. Todos reforçaram a palavra “decepção” pois acreditavam que desta vez “o Brasil iria marcar o tão esperado gol de se transformar num país desenvolvido, pois a bola estava na área”. Alguns me disseram da surpresa em ver a capacidade das autoridades brasileiras em cometer erros grosseiros na economia sem prever suas consequências. “Vamos ter que esperar mais para ver o que vai acontecer”, me disse um investidor europeu, que sempre se disse fã de nosso País e o qualificava como a melhor opção de investimento do mundo de hoje.


É claro, afirmam eles, que o Brasil continua tendo vantagens estratégicas comparativas muito grandes em relação aos nossos concorrentes emergentes: “(a) não tem problemas étnicos ou religiosos sensíveis; (b) não tem problemas de fronteira;  (c) é uma democracia constitucional consolidada; (d) tem um setor agropecuário e do agronegócio considerado dos melhores do mundo - tem terra, sol e água em abundância para produzir alimentos, sem cataclismos naturais como terremotos, vulcões, etc.; (e) tem um mercado interno pronto para consumir assim que as pessoas tenham recursos; (f) fala um único idioma. Isso para citar apenas algumas dessas vantagens estratégicas”, completaram. E vem exatamente daí a grande decepção: como um País com tantas vantagens pode errar tanto?

Depois de ouvir esses comentários todos, fiquei com a pergunta: e nós, brasileiros, o que podemos fazer? Nós povo; nós trabalhadores; nós empresários; nós que não somos políticos, o que fazer?

Acredito que para nós, os simples e mortais brasileiros, além do voto que só podemos exercer nas eleições, nos resta o direito de protestar e de espernear e fazer chegar nossa indignação àqueles em quem votamos e que devem nos representar. E, aos que ainda não perderam o emprego, resta trabalhar, trabalhar, trabalhar para que, através do nosso trabalho duro, competente e honesto, possamos evitar que o desemprego aumente, a economia piore e a crise se aprofunde ainda mais se transformando num caos total que, certamente, não interessará a ninguém. Com tantas vantagens estratégicas comparativas, temos que acreditar que um dia, ainda deixaremos de ser “o País do futuro” para ter o presente que merecemos.


Pense nisso. Sucesso!

*Prof. Luiz Marins é antropólogo, professor e consultor de empresas no Brasil e no exterior. Informações adicionais: www.marins.com.br, www.twitter.com/professormarins, www.facebook.com/programaprofessormarins

 

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