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Pará atrai a criação de ovinos e caprinos



Um projeto pioneiro de criação de ovinos deslanados (de pêlo curto) e caprinos é desenvolvido em Redenção, no sul do Pará, nas fazendas dos irmãos Bernardo e Leonardo de Andrade. O diferencial do projeto está no tamanho do rebanho que os pecuaristas pretendem atingir em cinco anos - 100 mil cabeças. Hoje, eles têm 3,3 mil cabeças. Segundo a FNP, o rebanho ovino do Pará é de 140,4 mil cabeças. O projeto é ousado, na medida em que o investimento em ovinocultura, de R$ 1,8 milhão, será feito em plena Região Amazônica, caracterizada pelo clima tropical-úmido, não favorável à criação de carneiros. Mas a crescente procura pela carne de carneiro - cada vez mais servida em churrascarias espalhadas pelo País - a oferta reduzida do produto e a liquidez do negócio levaram os dois irmãos a acreditar no projeto. Frigorífico e curtume Nascidos em Minas Gerais, em uma família de criadores de cavalos de raça, os irmãos Andrade também pretendem implantar um frigorífico e um curtume no Pará, em 2003, para desenvolver toda a cadeia produtiva da caprinovinocultura. "Nunca houve no Pará criação de ovinos em escala comercial, por conta do estigma do clima. Ninguém queria arriscar. Quebramos esse tabu, criando os animais 100% a campo, enfrentado intempéries, livrando-os da contaminação dos ambientes fechados", diz Bernardo. O manejo aplicado nas fazendas é simples. As ovelhas são identificadas com brincos e possuem uma ficha com informações individuais. Uma vez por semana, os animais entram em uma piscina rasa com uma solução de formol e sulfato de cobre para desinfetar os cascos. Contrariando o manejo reprodutivo convencional, as ovelhas são cobertas (emprenhadas) todos os meses, a fim de garantir a oferta constante de carne no mercado, nessa fase inicial do negócio. Isso quer dizer que não há apenas uma estação de monta como é feito tradicionalmente. Segundo Bernardo, são abatidos hoje nas suas fazendas 180 carneiros por mês e a estimativa e chegar a 240 animais, em dezembro deste ano. "A procura é muito grande. Não damos conta de atender nem o Pará. Só consigo vender em Redenção. Queremos atingir os grandes mercados que são o Nordeste, Brasília e Rio de Janeiro." O pecuarista diz que vende o quilo da carcaça (carne e osso) a R$ 5. Se estivesse vendendo no Nordeste, receberia R$ 9 pelo quilo e R$ 11, em Brasília. "Em dois anos, estarei abatendo entre 100 a 120 animais por dia no frigorífico e fabricando embutidos." Para chegar às 100 mil cabeças, os pecuaristas pretendem estabilizar o rebanho de ovinos em 30 mil matrizes próprias e 70 mil em parceria com pequenos produtores rurais que vivem em áreas de assentamento. Na maioria dos casos, são terras desmatadas e queimadas que se tornaram difíceis para a agricultura. "Com o projeto, vamos manter o pequeno produtor no campo, em um trabalho em conjunto com a Secretaria de Agricultura", afirma. A Sagri incentiva a criação de ovinos e caprinos a fim de aumentar o rebanho desses animais no sul do estado. Segundo os pecuaristas, a caprinovinocultura é interessante para o pequeno produtor porque é uma pecuária de ciclo rápido. Apresenta maior produtividade por hectare (mais carne em menor área), comparada ao gado bovino. Uma ovelha tem três crias a cada dois anos e a vaca, duas. A gestação da ovelha é de cinco meses e a da vaca, nove meses. O cordeiro vai para o abate com cinco a seis meses de vida, enquanto o boi leva de um ano e meio a dois para o abate. Assistência técnica Além da Secretaria de Agricultura, o projeto recebeu apoio do Banco da Amazônia (Basa). De acordo com Bernardo, o banco aprovou há cerca de um mês o financiamento de um módulo para criação de 900 ovelhas no valor de R$ 360 mil. A Embrapa de Sobral (CE) também contribuiu com o projeto, prestando assistência técnica, na forma de pesquisas sobre pastejo rotacionado e vacinas. As raças de ovino trabalhadas no projeto são santa inês, dorper e mestiças (cruzamento das duas raças puras). Os caprinos são das raças anglo nubiano, boer e alpina americana. O pecuarista e empresário paraense Fred Bezerra, que investe em melhoramento genético de ovinos e bovinos, é de opinião que o cruzamento de ovinos só é bom para produzir carne a curto prazo. "É interessante fazer cruzamento só com pequena parte do rebanho. O animal perde a rusticidade e a fertilidade", diz. O pecuarista paraense é um dos maiores criadores no estado da raça santa inês. O seu plantel é formado pelos animais de melhoramento genético (600 cabeças) e de corte (1,5 mil ovinos). "A ovinocultura é um grande negócio. Não é à toa que esses animais chegam a alcançar R$ 100 mil nos leilões."

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