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Paraná se fortalece como produtor de uva e de vinho

Pesquisa divulgada pelo Sebrae e Ibravin mostra que produção paranaense é pulverizada, com destaque para vinhas na Grande Curitiba e no norte e noroeste do Paraná


Pesquisa divulgada pelo Sebrae e Ibravin mostra que produção paranaense é pulverizada, com destaque para vinhas na Grande Curitiba e no norte e noroeste do Paraná

Da ASN/PR (Curitiba) - O Paraná é um estado marcado pela produção pulverizada de uva e de vinho, com destaque especial para as vinhas localizadas em municípios da Grande Curitiba e nas regiões norte e noroeste do estado. O vinho produzido no Paraná, com forte aroma de uva, é colonial e tradicional, obtido a partir de variedades de uvas americanas híbridas, vindas do Rio Grande do Sul e do próprio Paraná.

Um mapa completo da vitivinicultura paranaense foi divulgado, em Curitiba, na semana passada, fruto de uma parceria firmada entre o Sebrae e o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin). A bebida produzida no Paraná, de acordo com a pesquisa encomendada pelo Sebrae e Ibravin, possui baixo valor agregado, é bastante acessível ao consumidor, com preços que variam entre R$ 5,00 e R$ 8,00, e é comercializada na propriedade e, em grande parte, precisa ser consumida no prazo de um ano.

Ainda segundo a pesquisa, apresentada durante o Seminário do Vinho, realizado no último dia 25 de agosto, a região de Curitiba é tradicional pela produção de vinhos de mesa, em especial vinhos à base de uva do tipo Bordô. Tais vinhos, diz o estudo, são comercializados em vinícolas localizadas em boas estruturas e bem freqüentadas, graças à existência de roteiros turísticos, como o Circuito Italiano de Turismo Rural e o Caminhos do Vinho, nos municípios de Colombo e São José dos Pinhais.

A outra região produtora do Estado, o norte e noroeste, abrange municípios como Londrina, Marialva, Maringá e Rolândia. Na região, predomina a produção de uvas finas de mesa, porém, nos últimos anos, tem havido diversificação da produção, com a introdução da uva tipo Niágara Rosada, para o consumo in natura, e também de uvas americanas para a elaboração de sucos e de vinhos de mesa. Em Maringá, também cresce a produção de vinhos finos e de mesa, em pequena escala.

“Há ainda uma viticultura pulverizada, em diferentes regiões no estado, tanto de uvas americanas e híbridas, cultivadas em pequenas propriedades, sob o regime de produção orgânica, quanto de uvas Vitis Viníferas, especiais para a produção de vinhos finos”, explica José Fernando Protas. Doutor em Vitivinicultura e pesquisador do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), Protas foi responsável, junto com o consultor em Vitivinicultura, Umberto Camargo, pela apresentação dos resultados da pesquisa durante o Seminário do Vinho.

Segundo a consultora e gestora do Programa de Hortifrutigranjeiros do Sebrae Paraná, Maria Isabel Guimarães, o estado é um tem potencial na produção de uva e de vinho. “Os produtores precisam, no entanto, buscar a legalização de suas atividades, e o segmento organizar-se como um todo”, assinala a consultora. Maria Isabel Guimarães diz que a pesquisa divulgada pelo Sebrae e Ibravin tem como objetivo informar os produtores sobre a importância de sua participação no processo de fortalecimento da imagem nacional de vinhos e derivados da uva.

Para a consultora do Sebrae, o associativismo é uma alternativa interessante para potencializar as ações dos produtores de uva e vinho do Paraná. Maria Isabel Guimarães cita, como exemplo, a criação de uma cooperativa de produtores em Colombo e a organização de uma entidade semelhante em São José dos Pinhais. “Juntos, os produtores ficam mais fortes. Para o Sebrae, o cooperativismo é fundamental para a consolidação da produção paranaense. Assim como pode ajudar a melhorar a qualidade da bebida, ao serem promovidas capacitações conjuntas”, acredita a consultora.

Diagnóstico

A vitivinicultura na região de Curitiba, abrangendo principalmente os municípios de Colombo, São José dos Pinhais e Campo Largo, foi desenvolvida pelos imigrantes de origem italiana, nas primeiras décadas do século XX. A cultivar Bordô, localmente denominada Terci, foi a base da produção, originando o vinho típico regional, elaborado em pequenas vinícolas familiares.

A importância da região como produtora de uva e vinho foi reconhecida pelo Ministério da Agricultura, que na década de 1940 criou uma Estação Experimental de Viticultura e Enologia no município de Campo Largo, para dar suporte técnico à vitivinicultura local. A partir da década de 1960, a viticultura entrou em decadência na região devido à infestação das áreas pela pérola-da-terra, uma praga de solo que praticamente dizimou os vinhedos da região.

As vinícolas persistiram, no entanto, processando uvas trazidas especialmente do Rio Grande do Sul. Pode-se dizer que, atualmente, a totalidade da uva processada na região é importada do Sul do País. “Embora, tecnicamente, existam meios para o cultivo da videira em áreas infestadas com a pérola-da-terra, fatores como a facilidade de importação da uva do sul, a escassez, o alto custo da mão de obra e, ainda, o alto valor da terra na Região Metropolitana de Curitiba têm desestimulado os vinicultores a investirem na produção”, assinala Umberto Camargo.

Segundo o consultor, a estrutura de produção vinícola mantém-se sólida, entretanto, com a elaboração e comercialização de vinhos e sucos in loco, tirando proveito de um turismo regional que se consolidou com base no vinho, acompanhado por uma gastronomia regional e por atrativos para a população urbana de Curitiba. “São produtos elaborados com uvas americanas, especialmente Bordô e Niágara. Em geral, as vinícolas estabelecidas em Colombo e São José dos Pinhais não possuem registro no Ministério da Agricultura, embora elaborem e comercializem, em cantinas próprias, volumes consideráveis de vinho e suco”, completa Umberto Camargo.

Campo Largo

Em Campo Largo, está instalada a Vinícola Campo Largo, a maior da região. A vinícola processa, anualmente, cerca de 20 mil toneladas de uvas em sua unidade, instalada no município de São Marcos, no Rio Grande do Sul, cuja produção é transportada a granel e envasada na unidade de Campo Largo na forma de vinhos de mesa e suco de uva.

A vinícola, atualmente, desenvolve um programa de estímulo ao plantio de uvas para suco numa região que abrange um raio de 100 quilômetros no entorno de Campo Largo. O projeto inicial é para o plantio de 300 hectares de uvas das variedades Bordô (70%), Isabel, Isabel Precoce, Concord e Concord Clone 30. Como estímulo à vinícola, fornece as mudas e garante a aquisição da uva. A área mínima estipulada para cada produtor participante é de um hectare (o equivalente a 10 mil metros quadrados em média).

Norte do Paraná

Os sistemas de produção vitivinícola do norte do Paraná, por segmento, são compostos por uvas finas de mesa, como a Itália, Rubi, Benitaka e Brasil, enxertadas com dois ciclos de produção por ano. A produtividade dos vinhedos situa-se entre 35 a 40 toneladas por ano, variando entre cinco e 20 toneladas por ciclo.

A produção de uvas rústicas de mesa é predominantemente com base na cultivar Niágara Rosada e está concentrada no município de Rosário do Ivaí. A viticultura da região é caracterizada por uma grande concentração de produtores de pequenas propriedades. A maior parte da uva Niágara Rosada produzida nessa região é vendida para os estados do sul do Brasil.

Em decorrência do projeto de produção de suco de uva concentrado, implantado pela Cooperativa Agroindustrial Rolândia Ltda. (Corol), em 2004, verificou-se um crescimento significativo da produção de uvas rústicas para processamento na região. Atualmente o projeto da Corol conta com 259 hectares de parreirais já implantados por seus associados, dos quais 156 hectares já estão em fase produtiva.

A principal cultivar produzida, até o momento, é a Isabel, mas também há produção de BRS Carmem, BRS Rúbea, BRS Violeta e Concord.

Parceria

A parceria do Sebrae com o Ibravin faz parte Programa de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva de Vinhos, Espumantes e Sucos de Uva do Sebrae e tem como objetivo geral capacitar, disseminar informações e orientar as empresas na produção, registro e comercialização de seus produtos.

O público-alvo são os estabelecimentos vinícolas que elaboram vinhos, espumantes e/ou sucos de uva nos estados do Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Santa Catarina, Pernambuco, Goiás e Bahia. Maria Isabel Guimarães, do Sebrae Paraná, diz que o resultado que o Sebrae e o Ibravin esperam com as ações do Programa, por meio das pesquisas e das capacitações, é principalmente o aumento da comercialização do vinho nacional.

As ações do Programa estão agendadas para acontecer em 2010 e 2011. A próxima etapa em Curitiba é a divulgação da pesquisa sobre os roteiros de enoturismo nessas regiões e no Brasil, para implementação do Cadastro Vinícola Nacional.

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