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Paraquate proibido inflaciona dissecantes

Alternativas são os herbicidas glufosinato, diquat e saflufenacil


Foto: Nadia Borges

A decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de proibir o herbicida Paraquate no Brasil provocou um efeito colateral preocupante: a inflação nos preços de outras moléculas usadas como dissecantes. A proibição definitiva vigora desde setembro do ano passado, mas a falta do produto está trazendo grandes prejuízos agora, quando os produtores mais precisam preparar a colheita da safra de soja 2020/21.

“A disponibilidade de pesticidas está relacionada a pelo menos três fatores: a demanda por determinado ingrediente ativo no campo; o tempo e dinâmica para o registro no Brasil e às políticas públicas implantadas nos países exportadores de produtos técnicos”, explica Leticia Rodrigues da Silva, doutora em Políticas Públicas.

Dentre os dessecantes com maior potencial de substituição ao paraquat, aponta a especialista, encontram-se ingredientes ativos como o glufosinato, o diquat e o saflufenacil. O preço do diquat, por exemplo, experimentou inflação de 100 por cento nos últimos meses de acordo com os distribuidores de insumos. 

Leticia Rodrigues ressalta que o saflufenacil é um ingrediente ativo que se encontra no período de exclusividade de mercado, sendo natural um preço mais elevado para a amortização dos custos investidos em pesquisa e desenvolvimento: “Os demais ingredientes, apesar de terem um número significativo de registros de produtos formulados e de produtos técnicos no Brasil, possuem um número limitado de fabricantes da substância ativa”.
 
Por outro lado, o glufosinato possui 41 produtos técnicos registrados com 17 fabricantes aptos a disponibilizarem o ingrediente ativo para o Brasil. “Entretanto, devido às políticas do Governo chinês para a redução da poluição e melhoria da capacidade das empresas, muitos destes fabricantes não tiveram as autorizações de funcionamento renovadas na China”. Dos fabricantes chineses, somente cinco encontram-se aptos na China e no Brasil para a fabricação deste ingrediente ativo”, lembra a especialista.

“Já o diquat possui oito fabricantes autorizados no Brasil para suprir todos os registros. Importante ressaltar que, em quase sua totalidade, são estes mesmos fabricantes que produzem para atender também a outros países”, conclui a doutora em Políticas Públicas.

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