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Pecuária segura queda maior no PIB do campo

Estudo do Cepea/CNA revela que desempenho da agricultura terá que se superar para evitar retração ou pelo menos manter a estabilidade em 2009


Após dois anos de resultados positivos – crescimento de 7,89% em 2007 e de 6,95% em 2008– o PIB do Agronegócio terá que melhorar seu desempenho para não fechar 2009 em queda. Dado apresentado ontem pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), revela que no primeiro trimestre o índice fechou com retração de 0,53% em relação ao mesmo período do ano passado. A variação negativa é resultado de um recuo da agricultura e do modesto avanço da pecuária, explicam os pesquisadores.

Para a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), entidade que financia o estudo feito pelo Cepea, o PIB é reflexo da crise mundial que atingiu vários setores da economia e segue trajetória de retração iniciada em outubro do ano passado, o que resultou em uma queda acumulada de 2,26% em seis meses. Em março, a variação do PIB ficou negativa pelo sexto mês consecutivo e fechou em -0,13%. “Se o PIB continuar neste ritmo, não deverá crescer este ano”, alertou a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu.

O segmento de insumos segue revertendo a forte expansão do ano passado e acumula queda de 1,16%. As atividades dentro da porteira do agronegócio completam o primeiro trimestre de 2009 com retração de 0,77%, pressionadas pela retração de 1,9% do segmento primário da agricultura, já que o da pecuária acumulou crescimento de 0,77% no período. A agroindústria quase não sai do lugar, com queda de 0,18% no período. Em suma, na agricultura a queda vai se agravando e leva também à retração do setor de insumos e da agroindústria. Na pecuária, não se observa retração, justificada ao crescimento dos preços de bovinos e aves.

Na avaliação da dirigente, para que o setor tenha, em 2009, comportamento semelhante ao de 2008, quando a expansão foi de 6,97% e o PIB totalizou R$ 764,6 bilhões (26,46% do PIB Brasil), o agronegócio precisaria crescer a uma taxa mensal de pelo menos 0,80%. “No entanto, isso é improvável, em um cenário de contração de crédito. Os segmentos mais afetados são os que normalmente demandam mais recursos”, afirmou Kátia Abreu. “Ao fim, quando a crise amenizar, o cenário do agronegócio poderá não mostrar grandes mudanças”, avalia o professor Geraldo Sant’Ana, coordenador do Cepea e responsável pelo PIB do Agronegócio Cepea-USP/CNA, apostando na estabilidade.

Balança Comercial

A balança comercial do agronegócio obteve saldo positivo de US$ 19,737 bilhões de janeiro a maio deste ano, queda de 12,49% em relação ao mesmo período de 2008. As exportações totalizaram US$ 24,103 bilhões no acumulado do ano, enquanto as importações somaram US$ 4,366 bilhões. Apesar do decréscimo, justificado pela redução do preço médio dos produtos embarcados para o exterior, houve aumento da participação do agronegócio brasileiro nas vendas externas totais nos cinco primeiros meses de 2009 na comparação com 2008, de 37,8% para 43,4%.

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