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Pequenos agricultores de MT criam banco e moeda própria para melhorar produção

Projeto no sul do estado reúne 200 associados de sete municípios


Projeto no sul do estado reúne 200 associados de sete municípios
 
Um sistema de produção e comercialização que leva em consideração o meio ambiente e trabalha de uma forma coletiva. Este é o sistema da economia solidária, que além desses aspectos tem como regras a cooperação, a autogestão dos agricultores, além da solidariedade. Em Rondonópolis, a 218 quilômetros de Cuiabá, a Associação Mãos Dadas desenvolve este projeto com 200 sócios em sete municípios do sul do estado.

A economia solidária funciona da seguinte forma: as famílias são organizadas em grupos. Cada participante tem direito a R$ 2 mil para custear a sua produção, sendo que o grupo decide o quanto cada integrante poderá pegar de empréstimo. E cabe a cada grupo fiscalizar a devolução do empréstimo para que outras pessoas possam ter o direito ao financiamento.

Uma das integrantes da Associação, Elizabete Maria da Silva, conta que o grupo surgiu em 2005 com a campanha da fraternidade, da igreja católica. "Religiosas aplicaram um dinheiro que a princípio era para somente incentivar projetos na pequena produção. Isso foi crescendo e tivemos que pensar no escoamento da produção e logo começamos a organizar a comercialização também".

Este crescimento foi acompanhado por uma das primeiras beneficiadas, Durcelina Souza Lanzone. Ela faz parte do assentamento Padre Jesuíno em São José do Povo, a 268 quilômetros de Cuiabá. A pequena agricultora participa do Associação Mãos Dadas desde 2006. Hoje em dia, além de produzir farinha com outros assentados, comercializa mandioca frita preparada por ela e o marido para as escolas.

"Melhorou muito nossa vida. As vendas de nossos produtos aumentaram, temos um caminhão para entregar a produção de todos municípios que fazem parte da associação. Como o sinal de telefone é ruim organizamos uma pequena central de atendimento e temos um setor financeiro", relata a produtora.

Atualmente eles já contam com uma pequena agência bancária chamada de "Banco do Cerrado" que atende agricultores familiares de sete municípios da região sul do estado. A moeda de troca usada pelos pequenos produtores é o Bacuri, que tem o mesmo valor do real. Para facilitar a troca as moedas são de 50 centavos, um, dois, cinco e dez bacuris. Durcelina é uma das colaboradoras nas atividades da agência.

"Essa foi uma forma de fortalecermos a venda de nossos produtos. Muitas vezes deixamos de comprar as nossas coisas para consumir produtos de outros locais. Então estamos tentando difundi-la com comerciantes e moradores dos assentamentos. Ela tem selo de homologação, marca d'água como qualquer outra moeda", frisa do Durcelina.

Ações que refletem não só na vida de dona Durcelina e Elizabete mas de todos os pequenos produtores dos doze assentamentos. "Hoje tem gente que tem uma pequena granja de suíno ou de frango, tem gente que fez uma pequena represa para produção de peixes. Esse projeto tem um diferencial grande, pois eles veem que não estão sozinhos que tem um grupo ajudando e incentivando ", disse Elizabete.

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