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Pequenos agricultores exportam ginseng para Ásia

Seguiram para o Japão 450 quilos nessa primeira remessa


Foto: Arquivo

Nem só de soja e milho vivem as exportações brasileiras para a Ásia. Diante da diversidade de produtos no país outros, nem tão conhecidos, conquistam novos mercados. Saiu do Paraná, mais precisamente do noroeste do estado, conhecido como o “Pantanal Paranaense”, que faz divisa com o Mato Grosso do Sul, a primeira remessa do ano de ginseng tendo como destino o Japão. 

Do pedido de três toneladas a Associação de Pequenos Agricultores de Ginseng de Querência do Norte (Aspag) abriu o mês de fevereiro exportando 450 quilos nessa primeira remessa. O restante está em fase de colheita e será embarcado nos próximos dias. 

O Japão negocia mais duas toneladas do ginseng brasileiro (Pfaffia glomerata) cultivado pela associação. Essa demanda deverá ser atendida logo após a exportação de cinco toneladas para a França e de outras cinco toneladas para a China, as quais foram negociadas, anteriormente.

A planta é cultivada nas ilhas e várzeas do Rio Paraná. O produtor e sócio-presidente da Aspag, Misael Jefferson Nobre, ressalta que o ginseng brasileiro de Querência do Norte é nativo no município e adaptado ao solo e clima da região. “Conseguimos colher o ano todo um produto com qualidade”, diz.

A Aspag conta com uma área de 30 hectares e possui 27 agricultores associados. Além de trabalhar com agricultores em assentamento de reforma agrária, o projeto alcança os povos e comunidades tradicionais dos ilhéus do Rio Paraná. “As ilhas são o único recanto que ainda possuem de forma abundante o ginseng brasileiro. Nosso projeto visa a uma produção sustentável no continente para preservar as ilhas”, destaca Misael.

A raiz é originária da China, Coreia, Japão e Rússia e tem este nome por ser parecido com uma pessoa. Ginseng, na cultura chinesa, significa “homem planta”. É rica em ginsenósidos, que auxilia no combate à fraqueza e exaustão, melhora as atividades mentais, devido à sua atividade antioxidante, melhora a circulação sanguínea, ajuda a baixar o colesterol, tem ação imunoestimulante e anti-inflamatória. Outro uso é como afrodisíaco. Também é usada na formulação de medicamentos.

Busca pela IG

A expectativa dos produtores é aumentar a exportação e alavancar negócios com o mercado nacional nos próximos anos, ao agregar diferencial ao produto com a obtenção do registro de Indicação Geográfica (IG) junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), na modalidade de Denominação de Origem.

O registro implica em reconhecer e proteger o valor agregado ao ginseng brasileiro cultivado em Querência do Norte. Nesse processo, a Aspag conta com apoio de universidades, Prefeitura de Querência do Norte, acompanhamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com suporte e orientação do Sebrae/PR.

“A ação é estruturante e realizada por um grupo de instituições parceiras e de apoio ao pequeno agricultor e ao desenvolvimento local. A IG ajudará a ampliar o mercado interno e externo, assim como dar mais segurança a quem compra e quem vende o produto. Além disso, impactará na sustentabilidade e visibilidade do município e a região”, destaca a consultora do Sebrae/PR, Narliane de Melo Martins.

O grupo trabalha com a perspectiva de fazer o depósito do registro da IG para análise do INPI num prazo de até dois anos. Entre as ações que fazem parte do processo, a associação desenvolveu em 2020 o logotipo, material de apresentação com selos de qualidade e certificações, rótulo, e aderiu ao o Fórum Origens Paraná, iniciativa do Sebrae/PR que ajuda a posicionar pequenos produtores no mercado, e trabalha na organização de um caderno de anotações técnicas para produtores.
 

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