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Período da floração é determinante na soja

Planta com uniformidade em flores, folhas, comprimento de entrenós e frutificação é mais produtiva


Foto: Pixabay

Grande parte dos estados produtores de soja já trabalham na implantação da safra 20/21 da oleaginosa. A produção prevista para esta safra ultrapassa as 133 milhões de toneladas. Com a liderança brasileira na produção mundial de soja o produtor deve estar atento à todas as fases para não ter perdas. Em um evento técnico promovido pela Compass Minerals – Plant Nutrition especialistas discutiram os aspectos de uma etapa muito importante mas que, por vezes, passa desapercebida: a floração.

Depois de semeada a soja leva de 4 a 5 dias para germinar e evolui para a fase vegetativa até a emergência da primeira flor caracterizando a mudança da fase vegetativa para a reprodutiva. O professor da Esalq/USP, Gil Câmara, explica que o florescimento começa quando a primeira flor abre em qualquer parte da haste principal. Esta fase é chamada R1. Quando há o florescimento pelo a fase é chamada R2. “Quando, por amostragem do talhão, até 50% das plantas apresentam uma flor você pode afirmar com segurança que começou o florescimento. Como plantamos cada vez mais cedo, cada vez mais cultivares precoces de até 100 dias para que sobre tempo para o milho safrinha esse processo pode ser acelerado e o R1 e R2 podem acontecer até no mesmo dia”, destaca Câmara.

Nesta fase o professor aconselha que o produtor faça uma análise do estado nutricional da cultura porque nesse momento em que ela não chegou no auge de área foliar nem de matéria seca a planta atinge o auge do teor de nutrientes nos tecidos foliares. “Planta com uniformidade em flores, tamanho de folhas, comprimento de entrenós da base até o ápice e  uniformidade de frutificação gera mais produção”, aponta.

A soja é uma planta fotossensível então precisa terminar a sua juvenilidade e ficar apta a identificar se no ambiente em que se encontra ela passa por dias longos ou curtos. Com radiação solar difusa a planta faz a fotossíntese abaixo de seu potencial e a quebra produtiva pode ficar entre 15 a 35%, o mesmo semelhante a uma seca. O professor destaca que no R1 são necessários pelo menos 13ºC de temperatura e uma média de 25ºC no R2. Outra dica importante é observar as janelas de semeadura. “ Quando semeada na época certa permite que o vegetal expresse seu potencial vegetativo, onde 50% da massa seca tende a virar grão. A janela ideal é um jogo para se chegar a altas produtividades junto com o manejo nutricional adequado”, aconselha. 

Muitos são os fatores que influenciam negativamente na soja: pragas, doenças, plantas daninhas, compactação do solo, clima, estresses de temperatura e umidade e deficiência nutricional. “Cerca de 70% das perdas na soja vem de fatores ligados ao meio ambiente como a influência do clima, bem mais do que as pragas ou doenças”,destaca o professor do Centro Universitário de Patos de Minas (Unipam),  Evandro Fagan

Ele destaca que o ideal é manter a planta sempre ativada nutricionalmente pois o custo de desativar e ativar novamente é alto. A planta precisa de energia para crescer e se desenvolver, precisa de hormônios como auxinas, citocininas e giberelinas cada um com sua função, e também precisa parar para não crescer demais. Na fase reprodutiva, dependendo do balanço nutricional, a planta define quantos “filhos” vai manter. “O primeiro momento é preciso estar atento à fixação e aí entra o papel do Cálcio e do Boro para que o grão de pólen germine, percorra o caminho certo e forme embriões. Mas só isso não significa sucesso. Se ocorrem estresses nesta fase há o abortamento de flores”, explica Fagan. O cobre também deve ser observado porque auxilia na formação das flores. 

Na ativação e fixação das flores os hormônios precisam ser balanceados. “Quando se aplica a auxina pré-ântese há uma melhora a quantidade de vagens e formação. Verificamos a maior eficiência em pleno florescimento. Já a citocinina tem seu pico de 6 a 12 dias após a ântese. Se eu chego com bastante qualidade radicular terei mais citocinina e a planta entende que pode fixar mais flores”, destaca o especialista. A ântese é a abertura dos botões florais.

Submetida aos múltiplos estresses, com manejo vegetativo inadequado, aplicações de defensivos e pouca luz a planta sofre com desfolha do baixeiro. Essas folhas que nutrem a raiz e isso impacta em produtividade. “Quando diminuímos a energia para a raiz a planta engalha menos e produz menos vagem. A cada 25% de desfolha temos 3,8 sacas por hectare a menos”, indica.

Para reativar uma planta que sofreu com estresses Fagan destaca que não adianta aplicar um produto durante um estresse hídrico porque não há água para estimular.  A planta também precisa ter boas raízes para conseguir absorver. “O Magnésio é muito interessante porque ele faz a condução de açúcares entre folhas e grãos, diminuindo a concentração na folha, além de atuar na glutationa, uma molécula importante no processo de desintoxicação e comum em plantas tolerantes a herbicidas”. 

Para encher grãos a fórmula é simples. A planta precisa de fotossíntese, sanidade, nutrientes translocadores como Potássio, Fósforo, Magnésio, Boro, luz, nitrogênio na folha, hormônios. “Então para ter um bom desenvolvimento reprodutivo precisamos de raízes vigorosas, boa arquitetura de folhas, baixo estresse e fixar o máximo possível de flores. Evitar esses estresses para que a planta não produza muito etileno e aborte e aumentar o fluxo de açúcar das folhas para os grãos”, finaliza.
 

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