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Pindorama investe em açúcar para exportação


Cooperativa alagoana faz aporte de R$ 12 milhões para iniciar a produção dos tipos demerara e cristal já na próxima safra (2003/2004).

A alagoana Pindorama, maior cooperativa agroindustrial do Nordeste, vai investir R$ 12 milhões para construir a primeira usina de açúcar administrada por pequenos produtores no Estado. A unidade vai funcionar dentro da Destilaria Pindorama, localizada no município de Coruripe (115 km de Maceió) e terá capacidade para produzir 1 milhão de sacos de açúcar por safra. A expectativa é que o projeto entre em operação na colheita 2003/2004.

O presidente da cooperativa, Klécio dos Santos, diz que a usina vai produzir açúcar demerara e cristal, com destino aos mercados doméstico e internacional. `Nosso mix vai depender do mercado que estiver oferecendo maior liquidez`, explica. Na primeira safra, a expectativa da usina é produzir 600 mil sacos de açúcar e 35 milhões de litros de álcool. A capacidade de produção da usina chega a 1 milhão de sacos.

`Dentro de mais dois anos nossa meta é produzir com a capacidade máxima, respaldados pelo aumento da área cultivada com cana-de-açúcar de 13 mil para 16 mil hectares`, adianta. Santos diz que a maior parte dos 1.180 associados estão envolvidos com a produção de cana.

Com a inclusão do açúcar no portfólio da Pindorama, a estimativa é que a produção de álcool seja reduzida. Na safra 2001/2002, a cooperativa produziu 34 milhões de litros e registrou crescimento de 35% nesta safra, que termina de ser colhida no próximo sábado, atingindo 46 milhões de litros de anidro e hidratado. A destilaria está em funcionamento desde a década de 80 e vai encerrar a safra com recorde na produção de álcool.

`É natural que a produção de álcool recue um pouco para dar espaço ao açúcar`, observa Santos, lembrando que o setor sucroalcooleiro responde por cerca de 70% do faturamento da cooperativa. No ano passado, a receita da Pindorama fechou com crescimento de 30% sobre 2001, somando R$ 50 milhões. `Com a produção de açúcar e investimentos em outros segmentos, como o de sucos, nossa projeção é crescer mais 30% em 2003`, calcula.

Avaliando a boa performance do ano passado, Santos lembra dos momentos difíceis da Pindorama, quando retornou à presidência da cooperativa em 1998. `A destilaria estava ameaçada de não moer a safra 98/99. A sobrevivência da entidade só foi possível graças a força do cooperativismo`, recorda.

Considerada um dos exemplos mais bem sucedidos de reforma agrária no Brasil, a cooperativa existe há 46 anos e possui uma área de 323 mil hectares entre os municípios alagoanos de Penedo, Coruripe e Feliz Deserto (cerca de 115 km de Maceió). O complexo é integrado por agroindústrias de leite, coco, cana-de-açúcar e suco de frutas.

No final do ano passado, a Pindorama concluiu a implantação do projeto de irrigação de uma área de 1.000 hectares, que consumiu R$ 20 milhões. O projeto vai encampar a estratégia de dobrar a produção de sucos, já que a área irrigada tem capacidade para triplicar a produção de frutas. `Serão 400 hectares de maracujá, 150 de abacaxi, 100 de goiaba, 150 de coco e o restante de caju e manga`, enumera Santos, lembrando que os 3 mil hectares da Pindorama cultivados com fruticultura são em sistema de sequeiro.

Outro projeto estruturador é a pavimentação de um trecho de 8,6 quilômetros da rodovia AL-455, ligando a estrada de acesso à Pindorama (AL-455), que vai ajudar a escoar a produção de frutas para a fabricação de sucos da cooperativa.

Setor discute criação de câmara setorial

Representantes do setor sucroalcooleiro nacional se reúnem, amanhã, no Palácio do Planalto, com o ministro da Agricultura Roberto Rodrigues e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para discutir a criação de uma câmara setorial. Na ocasião, o ministro também vai pedir explicações sobre o acordo firmado entre o setor e o governo, no sentido de que o preço do álcool não ultrapasse 60% do limite do preço cobrado pela gasolina.

`Não faz sentido que a inflação esteja sendo pressionada pelo álcool. Vamos discutir com os representantes do setor o descumprimento do acordo`, frisou ontem, Roberto Rodrigues, após encontro com representantes do setor agropecuário, na sede da Organização dos Cooperativos Brasileiros (OCB), em Brasília.

O presidente do Sindicato do Açúcar e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar/PE), Renato Cunha, diz que os reajustes aconteceram porque os preços estavam muito defasados. `Mas as distribuidoras também deveriam ser convocadas para o encontro, porque elas fazem suas margens e o preço fica mais caro para o consumidor`, observa.

Nos últimos dois meses, os preços do álcool foram reajustados em cerca de 20%. Em novembro, o litro do anidro em Pernambuco era vendido a R$ 0,72; contra os R$ 0,83 praticados atualmente. Em Alagoas, o produto é comercializado a R$ 0,90. O presidente do Sindaçúcar/PE diz que os aumentos são uma reação aos preços reprimidos do produto nos últimos anos.

`Se fôssemos aplicar a correção do preço do álcool anidro pelo IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) de 1997 até outubro de 2002, o metro cúbico do produto deveria ser comercializado a R$ 1.240 e, no entanto, é vendido a R$ 830`, calcula Cunha.

Adriana Guarda - Recife

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