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Plantas espontâneas podem fazer controle biológico

Espécies como serralha, mentrasto e picão-preto foram testadas


Foto: Marcel Oliveira

Um estudo conduzido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) busca avaliar os efeitos de plantas espontâneas no controle biológico de pragas.

Os testes ocorrem no Campo Experimental Vale do Piranga, em Oratórios, e em propriedades de produtores de pimenta em Paula Cândido e Piranga, na Zona da Mata Mineira. Nos locais espécies como serralha, mentrasto e picão-preto são mantidas ao redor e nas entrelinhas de campos de pimenta e hortaliças. O objetivo é atrair os inimigos naturais que atuam como predadores e parasitoides dos insetos-pragas.

Os resultados mostram que essas plantas espontâneas aumentaram a abundância total de aracnídeos e de insetos predadores dentro de áreas cultivadas de pimenta, bem como provocaram redução no ataque de pulgões às plantas. O manejo pode ser uma boa opção em sistemas agroecológicos, uma vez que, o produtor não precisaria adquirir novas sementes e já conhece as plantas. A técnica pode ser adaptada para outras culturas.

A coordenadora do Programa Estadual de Pesquisa em Agroecologia da Epamig, Madelaine Venzon, explica que o produtor deve tomar alguns cuidados para que não haja competição entre as espontâneas e o cultivo. Ela recomenda impedir a associação das plantas no período crítico da cultura (geralmente no primeiro terço de desenvolvimento no caso de hortaliças), permitir o crescimento das plantas espontâneas em faixas alternadas com a cultura e promover o espaçamento maior nas entrelinhas da cultura principal.

“Quando se conhece as plantas espontâneas que são mais atrativas aos inimigos naturais-chave, pode-se realizar a remoção seletiva das outras plantas, para aumentar a efetividade do controle biológico”, ensina Madelaine. 

Outro ponto importante é o monitoramento de insetos indesejáveis que também são atraídos pelas espécies espontâneas e que podem atacar a cultura principal. “Recomenda-se monitorar, principalmente no período da entressafra, e realizar o controle das possíveis plantas hospedeiras de artrópodes fitófagos”, completa. O mesmo cuidado deve-se ter com plantas hospedeiras de patógenos.

O desempenho das espontâneas

Dentre as espécies espontâneas avaliadas, o mentrasto (Ageratum conizoides) atraiu um grande número de aranhas, que utilizam as plantas como substrato para construção de teias, usam suas inflorescências como local de captura de presas e também se alimentam do pólen e do néctar. Além das aranhas, essa planta abriga diversos predadores e seu pólen e néctar são usados por joaninhas e crisopídeos para complementar dieta de presa de baixa qualidade ou quando não há presas disponíveis.

As inflorescências do picão-preto (Bidens pilosa) fornecem pólen e néctar para predadores como joaninhas e crisopídeos. O picão-preto hospeda pulgões, que não atacam os cultivos principais, mas que servem de presas alternativas para predadores e de hospedeiros para parasitoides de pulgões que atacam as plantas cultivadas. Os diversos tipos de serralha também são importantes no fornecimento de alimento para inimigos naturais.

Experimentos conduzidos no laboratório de controle biológico da Epamig Sudeste comprovaram a adequação nutricional do pólen e néctar dessas plantas espontâneas para insetos predadores. “O incremento da diversidade local com essas plantas aumenta também a abundância de invertebrados que podem representar recursos alimentares para os besouros carabídeos, como uma alternativa às espécies-pragas associadas com os cultivos. As plantas espontâneas também fornecem locais de refúgio para estes besouros predadores, aumentando a sua persistência dentro do agroecossistema”, destaca Madelaine.

* Com informações da Epamig
 

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