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Possibilidade de quebra de safra de trigo na Argentina

O mercado trabalhou na expectativa do relatório de oferta e demanda do USDA, a ser anunciado neste dia 08/11


As cotações do trigo em Chicago, nesta primeira semana de novembro, apesar de oscilações relativamente importantes, apresentaram um viés de alta. O fechamento desta quinta-feira (07/11) ficou em US$ 5,12/bushel para o primeiro mês cotado, contra US$ 5,08 uma semana antes. A média de outubro ficou em US$ 5,05, contra US$ 4,79/bushel em setembro, confirmando a recuperação dos preços neste último mês.

O mercado trabalhou na expectativa do relatório de oferta e demanda do USDA, a ser anunciado neste dia 08/11. O mercado espera que os estoques finais de trigo nos EUA, para 2019/20, fiquem em 28,2 milhões de toneladas, enquanto os estoques finais mundiais alcancem 286,8 milhões.

Por outro lado, as vendas líquidas de trigo por parte dos EUA atingiram a 493.800 toneladas na semana encerrada em 24/10. As mesmas representam um acréscimo de 31% sobre a média das quatro semanas anteriores. O volume ficou dentro do esperado pelo mercado.

Já as inspeções de exportação atingiram a 293.360 toneladas na semana encerrada em 31/10, acumulando, no atual ano comercial iniciado em 1º de junho, um total de 10,9 milhões de toneladas, contra 9 milhões um ano antes.

No Mercosul, a tonelada FOB para exportação oscilou entre US$ 180,00 e US$ 230,00, enquanto a safra nova argentina ficou em US$ 180,00, em ambos os casos para a compra.

E no Brasil, os preços recuaram sensivelmente diante do avanço da colheita, mesmo com uma safra em quebra. A média gaúcha, no balcão, ficou em R$ 35,52/saco no fechamento da semana, enquanto os lotes registraram R$ 42,00/saco. No Paraná, o balcão ficou em R$ 45,00, enquanto os lotes oscilaram entre R$ 50,00 e R$ 51,00/saco. Em Santa Catarina, o balcão se manteve em R$ 42,00/saco, enquanto os lotes, na região de Campos Novos, recuaram para R$ 46,20/saco.

O mercado brasileiro fechou outubro atento ao ritmo da colheita nacional e as constantes revisões para menos na produção final, devido às quebras climáticas, agora atingindo bastante o Rio Grande do Sul igualmente em função do excesso de chuvas.  Além disso, há perda de qualidade do produto. 

Por outro lado, o câmbio continuou mais favorável às importações, embora no final da semana o Real tenha voltado a se desvalorizar, chegando a R$ 4,08 por dólar, após ter batido em R$ 3,98 no início da mesma.

A possibilidade de quebra de safra também na Argentina, principal exportador do cereal para o Brasil, preocupa ainda mais o mercado. Os vizinhos somente iniciam sua colheita em meados de dezembro. 

Mesmo faltando avaliações mais completas, já se estima uma produção brasileira de trigo ao redor de 5 milhões de toneladas. Longe das quase 7 milhões inicialmente projetadas e abaixo das 5,5 milhões colhidas na safra passada.

Ou seja, o país terá que importar mais trigo do que o inicialmente previsto, fato que aumenta a importância do câmbio no processo de formação dos preços internos, mesmo que de forma indireta. O fato é que, em se mantendo o atual nível cambial, uma quebra de safra no país deverá elevar, logo mais, os preços do trigo brasileiro, em especial o produto de qualidade superior. Enfim, deve-se agregar a este quadro externo a mudança no governo argentino e a possibilidade do retorno de políticas menos favoráveis às suas exportações, incluindo o trigo.

Em síntese, os preços do trigo brasileiro podem subir caso o Real volte a se desvalorizar para níveis superiores a R$ 4,10 e a oferta argentina diminua. Caso contrário, mesmo com a quebra na produção e qualidade nacionais, os preços tendem a estacionar nos atuais níveis. Pelo sim ou pelo não, o fato é que o trigo de qualidade superior manterá uma boa demanda, enquanto o trigo inferior terá que ser escoado para o exterior, salvo se venha a ser utilizado em mistura com o produto superior para a fabricação de farinha. 
 

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