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Praga de caramujo ataca plantações de chuchu no CE

Uma praga do caramujo gigante africano invadiu as plantações de chuchu na comunidade de Araticum


Uma praga do caramujo gigante africano (Achatina fulica Bowdich) invadiu as plantações de chuchu na comunidade de Araticum, em Pacoti, Maciço de Baturité (CE). O caramujo destrói tudo, causando sérios prejuízos às lavouras. Produtores e autoridades municipais de saúde mostram-se bastante preocupados.

Não é por menos, esta espécie de molusco, além de ser voraz e ter capacidade de dizimar plantações inteiras de hortaliças e fruteiras, pode ainda transmitir as doenças Angiostrongilose abdominal e Angiostrongilose meningoencefálica humana ou Meningite eosinofílica — ambas transmitidas por parasitas e que podem levar à morte e a várias complicações neurológicas, inclusive cegueira.

Na região, não se sabe como os primeiros animais chegaram ao Ceará. Os produtores de chuchu lembram que os caramujos foram vistos, pela primeira vez, na comunidade de Araticum há cerca de quatro anos. Entretanto, somente em 2005 passaram a atacar as plantações. Neste ano, os prejuízos são evidentes.

As autoridades de saúde e agrícolas do Município suspeitam que os ovos do caramujo tenham chegado nos adubos que, quase sempre, são comprados de outros estados no Sul do País.

Conforme o produtor José Gonzaga de Oliveira, 70 anos, pelo menos 80% de sua plantação está comprometida. Ele explica que, semanalmente, colhia até quatro mil chuchus. Entretanto, nas últimas semanas, tem conseguido tirar apenas uma média de 250 frutos. “Isso quando eu consigo chegar antes do caramujo”, ironiza Gonzaga, revelando que já gastou perto de R$ 10 mil somente com lesmicidas. Porém não vê resultados.

Tarcísio Martins é outro produtor que não sabe mais o que fazer para conter a praga de caramujo. Ele conta que sua plantação rendia em torno de 11 mil frutos por semana. Atualmente, quando consegue colher muito, tira 1.500 unidades. Produtores desconfiam que os primeiros ovos do caramujo africano vieram em adubo comprado no Sul

sse Martins.

Os agricultores descobriram que podem matar o molusco com sal. “Mas a medida é inviável porque prejudica o solo”, explica o agricultor Francisco das Chagas, que vem sendo chamado de “doutor caramujo” na comunidade, porque vem estudando a espécie e tentando descobrir como exterminá-la. Para ele, será preciso, antes de mais nada, eliminar o seu ciclo de vida. “Não adianta a gente sair matando caramujo sem destruir os ovos”, disse. Ele defende que a solução está na união dos produtores. “Hoje os caramujos atacam o chucho, mas já estão se adaptando às frutas e começam a ir para os mamoeiros. Nosso medo é que eles passem a atacar as bananeiras. Aí sim, o prejuízo será em todo o Maciço de Baturité”, disse Francisco Chagas.

Segundo observa, o animal tem hábitos noturnos, daí invadirem as casas no período da noite. “Às vezes são tantos caramujos que a gente fica sem ter onde pisar”, conta.

Origem — O caramujo africano gigante (Achatina fulica Bowdich) é um animal nativo do Leste e do Nordeste da África. Chegou ao Brasil numa feira agropecuária realizada no Estado do Paraná. O objetivo era que o molusco fosse utilizado na alimentação humana como substituto do verdadeiro “escargot”.

Segundo um levantamento realizado em abril de 2004, pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a espécie já está presente em todas as regiões brasileiras e é considerada uma praga agrícola em vários países onde foi introduzido.

O caramujo africano se alimenta de cerca de 500 espécies de plantas, incluindo as de importância econômica, como as hortaliças, árvores frutíferas e plantas ornamentais. A presença desse molusco em ambiente não nativo pode provocar perda da diversidade biológica, ou seja, extinção de espécies nativas.

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