Preço da terra despenca em até 40% em Goiás
A crise na agropecuária afetou todo o segmento produtivo em 2005
A crise na agropecuária afetou todo o segmento produtivo em 2005, fato que fez cair entre 30% a 40% o valor do hectare de terra em Goiás. A depreciação do valor da propriedade rural ocorreu em conformidade com os reflexos da má fase que atravessa o setor agrícola no País. Segundo sondagem da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), há a possibilidade de que em 2006 haja uma diminuição ainda maior. De 2002 a 2004 houve uma sobrevalorização no preço do hectare; porém, a queda no preço da terra ocorreu de acordo com a demanda, de modo que não é possível considerar a ocorrência de um ajuste de preços no valor hectare. “A depreciação causou prejuízos”, relata o corretor de imóveis rurais Dorival Vieira, que trabalha no ramo há 26 anos.
Para se ter uma idéia, no início de 2005 o preço do hectare de boa qualidade custava em média R$ 7,5 mil, segundo pesquisa do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Neste mês de janeiro o valor médio do hectare de terra nua (sem estar plantada) em Goiânia está em torno de R$ 4.150, e no Sudoeste Goiano vale cerca de R$ 3.930.
Expectativas:
Mesmo sendo o sudoeste a principal região produtora de soja do Estado, o presidente da Faeg, Macel Caixeta, diz que mantém expectativas de melhora no preço da terra para o próximo governo. “Nós já perdemos as esperanças em relação ao governo Lula, pois não conseguimos nada na sua gestão.” O assessor técnico da Faeg, Pedro Arantes, explica que o segmento ao entrar em crise afeta todos os fatores de produção. Se no período de 2002 a 2004 o preço da terra estava melhor era porque o valor da soja, da carne e do leite também estavam razoáveis.
Quando houve quedas nos preços desses produtos, o hectare também caiu, assim como o das máquinas agrícolas. “Se a crise permanecer, o preço vai continuar baixo.”
Carne e leite:
Segundo o presidente da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura, Gilberto Sant’Anna, até a safra de 2003/2004 o preço da terra goiana estava bom. Segundo ele, nessa época começou a depreciação depois de episódios como o da ferrugem asiática, que atacou a soja, somados à queda no preço do leite e carne, que culminaram em uma situação drástica.
“Embora haja uma influência geral, o que predomina na formação do preço da terra é a agricultura; quando ela está bem, o produtor aumenta a área plantada, a produção e se interessa por comprar novas propriedades”, afirma.
Gilberto diz que a depreciação do preço da terra impediu uma maior expansão da agricultura no norte de Goiás, em cidades como Porangatu e Uruaçu, que são fortes na pecuária. “Havia boas chances de expandir o comércio de terras naquela região, mas com a crise está tudo paralisado.” Segundo ele, o mercado de compra e venda de imóveis rurais está fraco e vai levar tempo para recuperar.
Sem expectativas de melhora, o segmento rural prepara estratégias para lidar com a crise que ultrapassou 2005 e continua instalada em 2006. De acordo com a Faeg, não haverá mais uma edição do Tratoraço. No momento, a Confederação Nacional de Agricultura discute propostas a serem encaminhadas ao governo federal. Se não acatadas, os produtores já ameaçaram tomar medidas judiciais para evitarem a falência.