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Preços da soja devem se manter firmes, diz Consultoria

O maior risco para as cotações, entretanto, segue sendo a pressão de valorização do Real devido ao cenário de aumento de juros


Foto: Divulgação

No acumulado de junho até o início de julho as cotações de soja caíram fortemente na bolsa de Chicago. O contrato de 1º vencimento, por exemplo, fechou a 4ªfeira (7/7/21) negociado a USD 13,86/bu, queda de 10,5% no período. Para maio/22, contrato referência para parte da próxima safra no Brasil, o recuo foi menos proeminente, de 4,5%, com a oleaginosa cotada a USD 13,07/bu no mesmo dia.

O primeiro fator por trás dessas quedas dos preços na CBOT está relacionado à expectativa de redução dos estímulos monetários à economia americana, o que acabou aumentando à aversão ao risco dos mercados e também abrindo espaço para o fortalecimento do dólar contra uma cesta de moedas pressionando as commodities agrícolas. Ao longo do mês de junho, os fundos de hedge reduziram a posição comprada líquida no mercado de soja em 45%. 

Além disso, do lado fundamental, os rumores quanto à possibilidade da redução da mistura de biodiesel no diesel nos Estados Unidos atrelado às perspectivas de melhora climática nas regiões em que a umidade do solo encontra-se em patamares preocupantes, caso da parte mais ao noroeste do cinturão de produção norteamericano. No Brasil, as reduções em Chicago aliadas à apreciação do Real e a queda dos prêmios de exportação – influenciada pela menor demanda por esmagamento diante da redução da mistura do biodiesel – ajudam a explicar as perdas de valor do grão nas praças de comercialização local. Em Balsas - MA, por exemplo, a saca de soja fechou a
4ªfeira, 7/7/21, cotada a R$142,redução de 12% frente ao início de junho.

Ainda que esperemos que os preços seguirão bastante voláteis em Chicago nos próximos meses diante da influência dos mapas climáticos sobre as perspectivas de tamanho de safra nos Estados Unidos, nosso cenário ainda sugere espaço limitado para quedas adicionais abruptas das cotações. Isso porque, mesmo em um cenário de boas condições para o desenvolvimento da safra americana, o balanço local seguirá bastante desconfortável com os estoques de passagem ainda em níveis muito baixos.

Adicionalmente, ao fazermos análise semelhante para o cenário global e partindo da premissa que a próxima safra na América do Sul será boa (há incertezas em relação à área a ser produzida na Argentina e ao nível de tecnologia adotada), é possível concluir que a oferta seguirá bastante equilibrada em relação à demanda, de tal sorte que os estoques mundiais seguirão sem grandes alívios. Entretanto, uma possível efetivação da redução da mistura de biodiesel nos Estados Unidos e as baixas margens de esmagamento de soja na China, muito influenciadas pela queda da rentabilidade do suinocultor local, podem pressionar as cotações. No Brasil, os preços também devem permanecer firmes nos próximos meses seguindo as cotações internacionais e a recuperação do valor dos prêmios nos portos na esteira, principalmente, da redução sazonal da disponibilidade do grão. O maior risco para as cotações, entretanto, segue sendo a pressão de valorização do Real devido ao cenário de aumento de juros atrelados aos bons níveis de preços de commodities e melhora da atividade econômica. Embora o cenário seja positivo, nesse contexto é válido chamar a atenção do produtor que ainda não avançou nas fixações referentes à cobertura dos compromissos da safra 2021/22 para aproveitar as oportunidades de modo minimizar o risco cambial da atividade.

Dados do relatório de análise mensal Consultoria Agro Itaú.

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