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Preços do etanol sobem 10% com ajuste feito pelas usinas

Na última semana, o etanol na bomba subiu de R$ 0,92 centavos para até R$ 1,03


Com o aumento dos preços do etanol em alguns postos na Região do Centro-Sul na última semana, as usinas que têm flexibilidade na produção de açúcar e de álcool e que garantiram contratos futuros têm no atual cenário um melhor fluxo de caixa. Tais produtoras conseguem fazer a retenção do produto e estocar, segundo Miguel Biegai, analista da Safras & Mercado. Para o especialista, o momento é de "certo alívio financeiro, o que possibilita não vender o etanol a qualquer preço".

De acordo com Biegai, na última semana, o etanol na bomba subiu de R$ 0,92 centavos para até R$ 1,03, um aumento de 10% no centro-sul. "Algumas usinas sentiram a necessidade de melhorar a capitalização. Elas [usinas] não estão desesperadas em vender o produto a qualquer preço e, por isso, a oferta se retém e o etanol fica valorizado", afirmou. Segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), na última passada, o litro do etanol podia ser encontrado a R$ 1,53 nos postos.

O especialista contou que um segundo fator está relacionado com o clima. "A chuva atrapalhou algumas importantes regiões do centro-sul, como o interior do norte do Paraná, o interior de São Paulo e o interior do Mato Grosso do Sul. Isso diminui um pouco do volume", disse.

De acordo com o indicador semanal do Centro de Estudos Avançados em Economia (Cepea/Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), entre os dias 12 e 16 de julho, o etanol anidro fechou a cerca de R$ 0,94 por litro (sem impostos), equivalente a uma alta de 5,1% sobre a semana anterior. Para o hidratado, o preço final foi de cerca de R$ 0,82 por litro (sem impostos), alta de 6,75% em igual temporada. Segundo o balanço da semana, "esses preços se aproximam dos registrados no início de abril deste ano (em termos nominais), quando começou a safra no centro-oeste". Pesquisadores do Cepea acreditam que o mercado apresentou dois momentos diferentes na última semana: "No início do período, as cotações foram impulsionadas pela demanda elevada. Entre quarta e sexta-feiras, porém, a negociação foi mais lenta, com distribuidoras adquirindo apenas pequenas quantidades, o que estabilizou os preços", informou o Cepea.

A elevação de preços, destacou Biegai, é também em virtude da exportação de açúcar em grandes volumes e bons preços - contratos acertados em agosto de 2009 a fevereiro de 2010 foram travados em vários patamares: entre 22 e 25 centavos de dólar por libra-peso na bolsa Nova York.

Para Narciso Bertoldi, diretor executivo do Grupo USJ - que controla destilarias em Goiás, na região de Quirinópolis, e em Araras, no interior de São Paulo -, apesar da elevação, esses preços são momentâneos. "O mercado está justo, e os preços tendem a navegar em níveis mais equilibrados", afirmou. O executivo disse que depende da demanda para os preços na bomba se modificarem e que o etanol está longe da paridade com a gasolina centro-sul.

Ausência de álcool

"Se ocorrer ausência de álcool na bomba, será algo pontual", acredita Alísio Vaz, vice-presidente executivo do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom). Para Vaz, a subida é considerada forte, já que aumentou R$ 0,10 em uma semana.

"Pode ser efeito nos preços de vendas da usina, mas acredito que seja algo pontual", afirmou. Bertoldi também não crê em falta de etanol. "Se houver algo assim, deve ser porque alguma distribuidora comprou atrasado. Esse risco, de falta de álcool, não existe", disse o executivo.

Segundo balanço da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), o centro-sul do País processou 20% a mais de cana no acumulado da safra.

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